O dólar apresentou leve valorização frente ao real nesta sessão, cotado a R$ 5,95, após registrar o menor valor desde o final de novembro no dia anterior, quando fechou a R$ 5,9455, com recuo de 1,40%. A agenda esvaziada direciona o foco dos mercados para as políticas tarifárias do novo presidente dos Estados Unidos, cujas declarações recentes têm gerado expectativas e incertezas no cenário econômico global.
O republicano reiterou, nesta semana, a intenção de impor tarifas de 10% sobre produtos importados da China e da União Europeia, além de considerar alíquotas de até 25% para o México e o Canadá. No entanto, a ausência de medidas concretas e a constatação de que as alíquotas propostas são inferiores às ameaças feitas durante a campanha eleitoral têm contribuído para uma valorização do real.
A atenção dos investidores também se volta para a participação do presidente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, onde seus discursos e posicionamentos podem influenciar os mercados. Paralelamente, os dados de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e a temporada de balanços corporativos seguem no radar.
Desempenho das Moedas e da Bolsa
Às 9h18, o dólar registrava alta de 0,14%, cotado a R$ 5,9536. No fechamento do dia anterior, a moeda americana apresentou queda de 1,40%, atingindo R$ 5,9455. Com esse resultado, o dólar acumulou queda de 1,98% na semana, 3,79% no mês e no ano.
As negociações no Ibovespa tiveram início às 10h. No pregão anterior, o índice fechou em baixa de 0,30%, aos 122.972 pontos, acumulando alta de 0,51% na semana e ganhos de 2,24% no mês e no ano.
O Contexto Econômico Global
Os efeitos da posse do novo presidente dos Estados Unidos continuam a repercutir nos mercados. As declarações sobre a possível implementação de tarifas a outros países têm gerado incertezas quanto aos impactos no comércio global.
Durante um evento na Casa Branca, o presidente manifestou a intenção de impor tarifas à União Europeia e confirmou que seu governo já discute uma alíquota de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro. O México e o Canadá também foram alvos de ameaças tarifárias, sob a alegação de preocupações com o fluxo de drogas provenientes desses países.
Apesar da postura protecionista alinhada com sua agenda econômica, as tarifas ameaçadas são inferiores às anteriormente indicadas durante a campanha. A falta de medidas concretas tem proporcionado um certo alívio e favorecido a valorização de outras moedas em relação ao dólar. A expectativa inicial de uma postura agressiva logo no início do mandato não se concretizou.
A aplicação de tarifas sobre produtos importados nos EUA exerce influência sobre o dólar por ser considerada uma medida inflacionária, com potencial para elevar os preços no país. Em um cenário de alta de preços, o Federal Reserve (Fed) tende a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo para controlar a inflação. Taxas elevadas nos EUA fortalecem o dólar. Portanto, a expectativa de que o presidente adote uma postura menos rigorosa em suas políticas tarifárias contribui para a queda do dólar.
No âmbito da relação entre os Estados Unidos e o Brasil, repercutem as declarações recentes do presidente americano, que classificou a relação com a América Latina e o Brasil como “excelente”, mas ressaltou que a região “precisa mais dos Estados Unidos” do que o contrário. A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre a relação com o Brasil e a América Latina.
Em discurso recente, o presidente brasileiro expressou o desejo de uma gestão proveitosa por parte do presidente americano, enfatizando que o Brasil “não quer briga” com os Estados Unidos, nem com outros países.
Na agenda econômica, os investidores acompanham os dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e aguardam a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país. O cenário fiscal também permanece em destaque, em virtude da pendência da aprovação do Orçamento.
Fonte: portaldoagronegocio