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Dólar se afasta de máximas, mas segue em alta ante real com temor global e eleições locais

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Dólar se afasta de máximas, mas segue em alta ante real com temor global e eleições locais

O dólar avançava nesta quinta-feira, embora tenha devolvido algum terreno depois de mais cedo superar 5,40 reais, com investidores ainda temendo possível recessão global, enquanto a aproximação do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil colaborava para a cautela.

Às 9:59 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,90%, a 5,3973 reais na venda, depois de mais cedo chegar a subir 1,40%, a 5,4241 reais. A moeda norte-americana revertia as perdas da véspera, quando caiu 0,52%, a 5,3492 reais na venda.

Investidores alertavam para a possibilidade de volatilidade nesta quarta-feira devido à formação da Ptax –taxa de câmbio calculada pelo Banco Central usada como referência para operações financeiras– de fim de mês, que acontecerá na sexta. Esse evento tradicionalmente traz instabilidade às negociações, conforme operadores tentam direcionar a taxa a níveis mais interessantes para suas posições.

Na B3, às 9:59 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,47%, a 5,3985 reais.

“Ativos de risco estão devolvendo parte dos ganhos registrados ontem, com um cenário macro extremamente desafiador se sobrepondo à recente melhora do quadro técnico nos mercados”, disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota. “Índices acionários operam em queda, o dólar avança e os juros voltaram a abrir nas economias desenvolvidas.”

O índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes ganhava apenas 0,19% nesta manhã, mas o dólar avançava acentuadamente contra a maioria das divisas de países emergentes ou ligadas às commodities. Rand sul-africano e dólar australiano, por exemplo, caíam 0,6% cada no dia.

Ao mesmo tempo, quase todas as principais bolsas da Europa tinham perdas superiores a 1% nesta quinta-feira, assim como os futuros de Wall Street, enquanto os rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos retomavam seu movimento ascendente.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, disse à Reuters que um dos principais fatores por trás desses movimentos é a perspectiva de aperto monetário agressivo pelo banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, que já subiu sua taxa de juros em 3 pontos percentuais desde março deste ano e tem indicado mais por vir.

“O aumento dos juros faz com que tenha um fluxo natural para o país; se seus ativos são seguros e estão rendendo mais, isso redireciona capitais, principalmente de países emergentes”, disse Sung.

O cenário do outro lado do Atlântico também é desafiador, com a inflação crescente na zona do euro forçando o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar os custos dos empréstimos acentuadamente mesmo diante de uma desaceleração econômica, enquanto, no Reino Unido, um polêmico pacote fiscal do governo recentemente abalou os mercados financeiros.

Tudo isso, aliado a pontos de cautela domésticos, cria uma “tempestade perfeita” para a valorização do dólar, disse Sung.

No Brasil, todos os holofotes estavam sobre a reta final da corrida eleitoral. Investidores aguardavam o debate entre os candidatos à Presidência que será promovido pela TV Globo nesta noite, após a divulgação de nova sondagem Datafolha.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem, num geral, mostrado vantagem confortável nas pesquisas de intenção de voto, com chances de conquistar a vitória já no primeiro turno, no próximo domingo.

“Independente de quem ganhar, há muita incerteza sobre a política econômica dos principais candidatos”, o que ajuda a exacerbar a cautela de investidores diante do cenário externo já difícil, disse Sung.

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