Nesta sexta-feira (20), o dólar apresentou queda e foi cotado a R$ 6,05, em um contexto de intensas intervenções do Banco Central (BC) para conter a desvalorização do real. No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 2,32%, encerrando em R$ 6,1216. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou alta de 0,34%, alcançando 121.188 pontos.
Ações do Banco Central no câmbio
O Banco Central segue intensificando seus esforços para equilibrar o mercado cambial. Após leiloar US$ 8 bilhões na quinta-feira, a autoridade monetária ofertará nesta sexta mais US$ 7 bilhões, sendo US$ 4 bilhões em leilões de linha (com recompra futura) e US$ 3 bilhões à vista. Desde o dia 12, já foram colocados à venda cerca de US$ 28 bilhões.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, atribuiu as medidas a uma saída extraordinária de recursos do país neste final de ano. Apesar da volatilidade, Gabriel Galípolo, futuro chefe da instituição, descartou a possibilidade de um “ataque especulativo” contra o real.
Impactos das propostas fiscais no mercado
Os investidores seguem atentos à tramitação do pacote de corte de gastos no Congresso Nacional. Entre as medidas propostas, destacam-se o limite para o reajuste do salário mínimo e a exigência de cadastro biométrico para programas sociais. Contudo, alterações no texto inicial, como flexibilizações no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Fundo Constitucional do Distrito Federal, reduziram o impacto fiscal esperado.
Especialistas demonstram ceticismo quanto à eficácia das medidas, especialmente em face de despesas obrigatórias como Previdência, saúde e educação, que tendem a crescer rapidamente. O governo, no entanto, mantém o compromisso de zerar o déficit público até 2025, mas enfrenta resistência em avançar com reformas estruturais.
Cenário internacional e reflexos no Brasil
A recente decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, de cortar os juros em 0,25 ponto percentual para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano também repercute nos mercados. Apesar de esperada, a medida reflete incertezas sobre os rumos da economia global, especialmente após a reeleição de Donald Trump, que promete políticas protecionistas e conservadoras.
Taxas de juros mais baixas nos EUA tendem a favorecer países emergentes como o Brasil, tornando seus ativos mais atrativos. Contudo, o cenário ainda é de volatilidade, especialmente diante de desafios fiscais internos e da sensibilidade do mercado às declarações do governo federal.
Atualização das cotações
Nesta manhã, o dólar registrou queda de 0,96%, sendo cotado a R$ 6,0638, após atingir a mínima de R$ 6,0578. No acumulado do ano, a moeda americana já subiu 26,15%. Enquanto isso, o Ibovespa opera estável, após alta modesta na véspera, refletindo a cautela do mercado.
As próximas semanas serão decisivas para avaliar os impactos das medidas fiscais e das intervenções no câmbio, com atenção redobrada às movimentações políticas no Brasil e às decisões econômicas globais.
Fonte: portaldoagronegocio