O dólar iniciou esta quarta-feira (11) em queda, em meio às repercussões do cenário político e econômico dos Estados Unidos. Os investidores estão atentos à divulgação dos dados de inflação do país, assim como ao debate presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump, realizado na noite anterior.
Os dados de inflação dos EUA, divulgados na manhã desta quarta-feira, mostraram um aumento de 0,2% em agosto, acumulando alta de 2,5% nos últimos 12 meses. Excluindo itens voláteis como energia e alimentação, o núcleo da inflação registrou um aumento de 3,2% no período, mantendo-se no mesmo patamar de um mês atrás.
Desempenho do Dólar e Ibovespa
Por volta das 10h20, o dólar registrava queda de 0,59%, sendo cotado a R$ 5,6124. Na sessão anterior, a moeda americana havia subido 1,31%, alcançando R$ 5,6546, o maior nível desde 6 de agosto. Ao longo do dia, chegou a atingir R$ 5,6714 na máxima.
Com esse resultado, o dólar acumula uma alta de 1,16% na semana, 0,39% no mês e um avanço expressivo de 16,53% no ano.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, operava em alta de 0,19%, aos 134.580 pontos. No dia anterior, o índice fechou em baixa de 0,31%, a 134.320 pontos. O índice acumula uma queda de 0,19% na semana, 1,24% no mês e um ganho modesto de 0,10% no ano.
Fatores que influenciam o mercado
As discussões sobre os rumos da inflação e os juros nos Estados Unidos, assim como a corrida presidencial americana, são os principais temas que movimentam os mercados neste pregão. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI), divulgado nesta manhã pelo Departamento de Comércio dos EUA, confirmou as expectativas do mercado, com a inflação anual permanecendo em 3,2% ao excluir itens voláteis.
Esses números são os últimos antes da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, que ocorrerá na próxima semana. A expectativa é de que o Fed inicie um ciclo de cortes nas taxas de juros, com analistas divididos entre uma redução de 0,25 ou 0,50 ponto percentual. A inflação dos EUA está no nível mais baixo desde fevereiro de 2021, mas ainda acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed.
O mercado também repercute o debate presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump, que foi marcado por embates sobre temas como aborto, imigração e economia. Para Harris, que busca se consolidar como representante da classe média, o evento foi uma oportunidade para confrontar Trump, apontado por ela como um bilionário que governaria apenas em benefício próprio.
Cenário doméstico e expectativas para o Brasil
No Brasil, os investidores acompanham de perto os novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou uma leve deflação de 0,02% em agosto. Essa foi a primeira queda nos preços em 2024, mas a inflação acumulada em 12 meses continua elevada, com alta de 4,24%, ligeiramente abaixo das expectativas do mercado.
Apesar da deflação, o mercado ainda vê a possibilidade de o Banco Central do Brasil promover um novo aumento na taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A pressão inflacionária, combinada com o aumento dos gastos públicos, tem alimentado especulações de que o Copom será obrigado a elevar os juros para conter a inflação.
O Boletim Focus desta semana, que compila as previsões de economistas, aponta que a taxa Selic pode atingir 11,25% ao final de 2024, refletindo as expectativas de uma elevação na próxima semana. Além disso, as projeções de inflação continuam a subir, com economistas agora prevendo um IPCA de 4,30% para o próximo ano.
Apesar das medidas de controle adotadas pelo Banco Central, como o aumento da Selic, seus efeitos sobre a economia real podem demorar a se materializar, o que significa que a inflação pode permanecer elevada por mais algum tempo.
Fonte: portaldoagronegocio