Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Do desespero à virada de chave: como transformei minha vida

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“Eu comecei a fazer uns canteiros pra plantar cebolinha, couve, alface, pra vender e poder ajudar na renda, como alternativa para a pesca. Comecei bem pequenininho. Mas era do meu jeito, na marra, e a coisa não ia pra frente. Eu não tinha alegria com a produção. Chegava para trabalhar e até ‘conversava’ com as mudas. Pedia pra elas: ‘Vamos, preciso da de vocês’. Mas as hortaliças é que precisavam do meu conhecimento”.

A propriedade de Antônio fica na Comunidade Lago Novo, na zona rural de Boca do , no Sul do Amazonas, município mais próximo de Rio Branco (cerca de 220 km) do que de Manaus. É possível chegar na zona rural por terra, mas, dependendo da época e do volume das chuvas, o risco de ficar atolado é grande. Outro meio de transporte mais garantido é por barco.

Antônio nasceu e foi criado no município, só que as dificuldades iniciais com a produção quase levaram o produtor a desistir e ir embora com a família. “Eu perguntava para : o que será o dia de amanhã?”. Foram muitas noites de sono perdido, “pensando em como pagar as despesas, como dar melhores condições para a família”.

Thiago, um dos filhos de Antônio, via toda aquela situação do pai, sem perspectiva, sem esperança. “Eu disse: ‘pai, vou arrumar um emprego e vou sair, porque quero ser alguém na vida’”. O produtor se emociona ao lembrar dessa época e do filho que estava prestes a partir.

O que fez Antônio ficar na propriedade, “a virada de chave” como ele gosta de dizer, foi quando descobriu e conseguiu a assistência do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Como acontece com muitos produtores, foi um amigo de Antônio que falou sobre o trabalho do Senar para auxiliar os produtores da região. Então, ele conversou com Thiago e resolveram tentar mais uma vez.

Nessa época conheceram a técnica de campo do Senar Priscilla Pacheco, que passou a dar todo o suporte necessário na propriedade. E havia muito trabalho pela frente. “Conheci o Seu Antônio desmotivado e desacreditado. Quando cheguei, a alface era pequena e estava com muita doença”, revela Priscilla.

Antônio viu no conhecimento da técnica do Senar a chance que precisava. “Nasceu uma esperança dentro de mim. Parece que criei um sangue novo”, recorda.

E as mudanças vieram. A técnica implantou outros procedimentos na propriedade e, entre os diagnósticos, recomendou variedades de sementes. Coube a Priscilla também o papel de acalmar Antônio, conter a ansiedade dele. Para melhorar a produtividade, muito baixa na época, o produtor teria de confiar na técnica para dar “um passo de cada vez”.

Com o passar do tempo, a confiança cresceu. As orientações de Priscilla e a dedicação de Antônio logo surtiram efeito e os primeiros resultados apareceram. Os canteiros foram substituídos por estufas. A alface ganhou vitalidade e mais . A produtividade, de menos de 30 pés de alface por semana, mais que dobrou em poucos meses.

A rapidez da transformação surpreendeu até o próprio Antônio. “Na primeira venda, passamos para 70 pés por semana. A minha vida foi acelerando de um modo tão rápido que eu fiquei assustado. Hoje, o cliente chega pra gente e diz: ‘rapaz essa alface está bonita. Olha o tamanho dessa folha!’ É um orgulho”.

Logo, o barco de Antônio estava transportando mais de 180 pés de alface para vender na cidade. “Hoje a média é de 250 pés a 320 pés de alface por semana”, explica a técnica de campo.

Com a produção maior e uma alface de excelente qualidade, a clientela pedia outras hortaliças e Antônio passou a explorar mais seu lado empreendedor e variar sua produção.

“A gente chegava com a alface no mercado e diziam: ‘vocês não têm couve?’ Aí, eu e meu filho tivemos a ideia de investir em outras variedades. Tínhamos pouca couve e aumentamos a produção. Outros perguntavam se tinha rúcula. Não tínhamos, mas plantamos. Hoje temos alface, couve, cheiro-verde, rúcula, coentro, chicória, cebolinha, maxixe, pepino, abóbora, mamão, macaxeira, graças ao crescimento que tivemos”.

Raimunda, esposa de Antônio, é testemunha do que o marido enfrentou antes de ter a assistência do Senar. “Foi tudo muito sofrido para chegar onde ele está. A gente não tinha condições nem de comprar um sapato, uma roupa. A renda era pouca”.

Thiago, que fez parte de todo o processo desde o início e acompanhou o sofrimento do pai, orgulha-se das conquistas. “Hoje podemos bater no peito e dizer que temos um produto de qualidade. Da situação que a gente vivia para a situação que estamos hoje, mudamos de patamar”, define o filho que nem pensa mais em deixar a propriedade. Pelo contrário, faz planos com o pai para melhorar a produção.

“A situação anterior me fez pensar em sair. Com o trabalho do Senar na propriedade, e com os resultados, meu pai me convenceu a ficar. Graças ao Senar, me aproximei ainda mais do meu pai e, juntos, vimos que podia dar certo, que poderíamos evoluir e melhorar ainda mais”.

Priscilla, técnica do Senar, comemora os resultados. “Firmamos uma parceria que deu certo”. Antônio agora diz com certeza. “Sei onde quero chegar”.

A história de Antônio foi contada no domingo (5) no programa Domingão com Huck, dentro da campanha “Agro. Do pequeno ao grande. Do campo para você”.

Fonte: portaldoagronegocio

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