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Agronegócio

– Desvendando a calmaria do mar de montanhas

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Um local bucólico, com marcantes traços de modernidade. Ao entrar na propriedade, que tem uma porteira aparentemente comum, mas com acionamento eletrônico, é possível já se impressionar logo de cara. Em um caminho de terra e grama, dá para ver uma bela casa, um bosque com algumas árvores quase centenárias e frutíferas, um pequeno lago natural e imponentes pedras, que saltam do solo e estão espalhadas para todo lado. No meio disso, cavalos, vacas, patos, gansos, marrecos, galinhas, cães. “Quem vem aqui costuma chamar de paraíso”, brinca Jorge Luiz Bezerra, um dos donos do lugar. Com uma localização privilegiada, próximo ao pico Pão de Angu, entre a Serra Negra e a Serra de Ibitipoca, o sítio Primavera tem uma vista de tirar o fôlego e a calmaria que só o interior pode proporcionar.  

O casal Jorge Luiz Coutinho Bezerra e Maria Elisa Almeida se apaixonou pela terra à primeira vista, após começar o planejamento da aposentadoria em 2013. Ambos são da cidade do Rio de Janeiro, ele é engenheiro, advogado e administrador. Ela é administradora, advogada e psicóloga. Eles costumavam visitar o sul de Minas durante as férias, mas sempre que chegava a hora de voltar, batia aquele aperto no peito, uma vontade de ficar. Ao saber que havia chegado o momento de descansar, resolveram procurar por aqui um local para viver. “Rodamos quase todo o sul do estado atrás de algum lugar. Temos amigos em Bom Jardim de Minas mas não encontramos nada que nos interessasse lá. Quando viemos aqui, vimos essas pedras e essa vista, não tivemos dúvida. Aqui era nosso lugar”, disse Jorge. 

Minas Gerais foi o destino desejado por diversos motivos. O clima, a tranquilidade, a culinária e a segurança estão entre os principais. Jorge conta que, cerca de duas semanas antes de se mudar, estava em um engarrafamento no trânsito do Rio, na linha vermelha, quando começou um arrastão. Por “sorte”, a polícia chegou pouco antes que ele fosse assaltado, mas ainda assim ele ficou no meio do fogo cruzado. “Chego a me arrepiar quando lembro. Eu já estava decidido a vir para cá, mas naquele momento, foi como se eu não tivesse mais dúvidas”, conta ele, com os olhos marejados.  

Estado Novo, Vida Nova

Quando compraram o pedacinho de chão no interior de Minas, era quase terra nua. De lá para cá, foram construídas uma casa, uma pousada com cinco suites, sendo dois chalés, um laticínio, piscina aquecida e curral. A propriedade também conta com trilha, gruta e lago para pesca. Tudo isso começou ao redor de uma pequena casa que já havia no local e que hoje abriga o restaurante da pousada e uma sauna com vista. 

Desde a aposentadoria, os tempos das antigas profissões ficaram para trás. Para se adaptar ao novo ambiente, procuraram o Sindicato dos Produtores Rurais de Lima Duarte e fizeram diversos cursos e capacitações com o Sistema Faemg Senar, que ajudaram na adaptação à nova rotina. “Foram muitos cursos, de queijos e derivados lácteos, de boas práticas de curral e produção de laticínios, de fossa com biodigestor, piscicultura, além de um curso de agentes de turismo rural”, disse Jorge. 

Em 2020, fizeram o curso de queijos e começaram a produção apenas para consumo próprio. Em seguida, construíram o laticínio, do zero, totalmente adaptado às normas sanitárias. Lá é produzido o queijo minas artesanal e o queijo do reino, ambos preparados pela Maria Elisa. Os produtos, que começaram despretensiosos, atingiram rapidamente altos padrões de exigência. “Em 2021 fomos incentivados pela Lília (Lília Ramos, ADR do SPR de Lima Duarte), a participar da ExpoQueijos. E de lá já voltamos com duas medalhas que são o meu xodó”, afirma Maria Elisa. Nesta edição do concurso internacional de queijos da ExpoQueijos Araxá, a queijaria deles conquistou a medalha de ouro com o queijo minas curado no vinho e a medalha de prata com o queijo minas curado. 

No local são produzidos cerca de 50 queijos por mês, uma baixa produção, pois eles utilizam apenas o leite produzido lá. “Temos certificado de boas práticas de curral e de queijaria, e também de propriedade livre de brucelose e tuberculose, por esse motivo, não compramos leite de ninguém, preferimos manter a qualidade”, afirmou Jorge. Para ele, além do cuidado na produção, a localização do seu sítio faz a diferença no sabor do queijo. “A gente não adiciona nada na receita, é o leite e o fermento, só. O importante aqui é a água, o ar, o alimento que a gente dá para a vaca. A diferença está no terroir”.

Ao participar do curso de agentes de turismo rural, resolveram empreender com a pousada. Hoje recebem visitantes que podem desfrutar de um ambiente acolhedor e com ótimas opções de lazer. “Fazemos festas para receber os hóspedes, servimos café da manhã, temos uma piscina aquecida à lenha, que pode ser usada em qualquer época do ano”, ressalta Jorge. A pousada faz parte do grupo “Entre Serras: turismo no meio rural”, que foi formado durante o curso do Sistema Faemg Senar. O grupo inclui participantes da região da Serra de Ibitipoca e do pico do Pão de Angu. 

A vida no meio rural proporcionou ao casal a aposentadoria que procuravam, com a tranquilidade e a paz característicos do interior de Minas Gerais. “Fui um pouco enganado, pois achei que seria apenas vida mansa e ficar deitado na rede”, brincou Jorge. “Mas uma propriedade para ser auto-sustentável precisa de um pouco de trabalho duro. Mesmo assim eu acho que rejuvenesci uns 15 ou 20 anos desde que cheguei. Vim para cá com pouco mais de 60, estou fazendo 70, mas sinto que tenho é 50”, completou rindo. 

O sítio Primavera fica na estrada Pão de Angu, sem número, na zona rural entre Lima Duarte e Olaria. Interessados em conhecer o lugar ou comprar os produtos podem entrar em contato através da página nas redes sociais ou dos números (21)999978383 e (32)984804507.

Fonte: portaldoagronegocio

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