Lançada recentemente, a nova cultivar de trigo BRS Coleiro, desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Fundação Meridional, tem se destacado nas últimas três safras por sua adaptação a diferentes condições de cultivo, alta qualidade industrial e significativa produtividade de grãos. Em uma das regiões de cultivo em Santa Catarina, a produtividade chegou a quase 7 toneladas por hectare.
Segundo Manoel Carlos Bassoi, pesquisador da Embrapa Soja (PR), a nova cultivar é indicada para os estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. “Esperamos fomentar o cultivo e a comercialização dessa cultivar para os diferentes sistemas de produção de inverno nas regiões recomendadas”, afirmou Bassoi.
Desempenho Superior em Várias Regiões
No Paraná, os testes mostraram produtividades médias de 4.922 kg/ha, 5.624 kg/ha e 4.083 kg/ha nas três regiões indicadas (1, 2 e 3, respectivamente). Esses números superam a média estadual da safra 2023, que foi de 2.560 kg/ha, conforme levantamento da companhia nacional de abastecimento (Conab).
Em Santa Catarina, as produtividades médias da BRS Coleiro foram de 6.959 kg/ha e 4.468 kg/ha nas duas regiões de indicação (1 e 2), enquanto a média estadual foi de 2.150 kg/ha na safra 2023, de acordo com a Conab. Em São Paulo, na região 2, a cultivar alcançou 5.555 kg/ha, superando a média estadual de 3.050 kg/ha.
Características e Vantagens da BRS Coleiro
A nova cultivar apresenta porte médio, ampla adaptabilidade e estabilidade de rendimento de grãos. O ciclo para espigamento é de 64 dias, e para maturação fisiológica, 111 dias, características que facilitam a semeadura e o planejamento da safra de soja. “A BRS Coleiro possui grão extra duro e qualidade tecnológica da classe melhorador, com alta força de glúten e farinha de boa estabilidade”, explicou Bassoi. Isso torna a cultivar ideal para a produção de massas, pães industriais e misturas com farinhas fracas.
Além disso, a BRS Coleiro se destaca pela sanidade da planta, com boa tolerância ao acamamento e ao crestamento, e resistência ao oídio e moderada resistência à giberela e manchas foliares.
Parceria de Sucesso e Expectativas Futuras
Em 2024, a Fundação Meridional celebrará 25 anos de parceria com a Embrapa Soja. “Não poderíamos comemorar de forma melhor do que lançar uma cultivar de trigo simplesmente excelente”, destacou Henrique Menarim, diretor-presidente da Fundação Meridional. “O elevado potencial produtivo e a ótima qualidade industrial da BRS Coleiro representam um novo patamar no melhoramento genético, com grandes expectativas de crescimento no mercado.”
Ralf Udo Dengler, gerente-executivo da Fundação Meridional, ressaltou que a nova cultivar impactará positivamente a rentabilidade e a sustentabilidade dos produtores. “A BRS Coleiro otimiza o uso de fertilizantes e fungicidas e oferece qualidade industrial superior, o que será um diferencial na comercialização dos grãos”, afirmou Dengler.
A Importância do Trigo
O trigo é um alimento básico, essencial na produção de pães, massas e biscoitos. A qualidade do grão determina seu uso na indústria, sendo classificado com base no teor de glúten, que afeta a elasticidade da farinha. Avanços genéticos nas últimas duas décadas melhoraram a qualidade dos grãos e facilitaram o manejo da cultura, atendendo tanto à indústria moageira quanto à indústria de proteína animal.
Mercado de Trigo no Brasil
Na safra 2023/2024, a área semeada com trigo no Brasil foi de 3,4 milhões de hectares, resultando em uma produção de 8 milhões de toneladas, conforme dados da Conab. O Paraná e o Rio Grande do Sul respondem por 75% dessa produção. No entanto, com um consumo doméstico de 12 milhões de toneladas, o Brasil ainda precisa importar trigo para atender à demanda interna, segundo o departamento de agricultura dos estados unidos (USDA).
Fonte: portaldoagronegocio