Os próximos meses devem ser desafiadores para o mercado de algodão, segundo a análise de Marcela Marini, especialista do Rabobank. Em entrevista exclusiva à Agência Safras News, durante o 14º congresso Brasileiro do Algodão (CBA), realizado em Fortaleza, a analista alertou para o impacto de um excesso de oferta no mercado. “Um volume excessivo de algodão está a caminho”, afirmou.
Diferente das safras 2022/23 e 2023/24, marcadas por secas em estados produtores dos Estados Unidos, como Texas e Oklahoma, a temporada 2024/25 apresenta uma situação climática mais favorável, o que deve resultar em uma produção elevada. “A tendência para os preços é negativa”, prevê Marini.
Nesse cenário, a comercialização e a formação de preços tornam-se desafios ainda maiores para os produtores. Segundo a analista, um fator que pode trazer alívio seria um possível conflito comercial entre Estados Unidos e China, caso Donald Trump vença as eleições presidenciais. “Se isso acontecer, a demanda chinesa pode se voltar para outros países, como o brasil, o que poderia gerar melhores prêmios para o algodão brasileiro”, explicou.
Marini enfatizou a importância de os produtores se anteciparem na comercialização, buscando estratégias para proteger tanto os preços quanto as margens de lucro. “Com a pandemia de Covid-19, os preços das commodities subiram significativamente em 2020 e 2021, levando os produtores a investirem mais em tecnologia e a expandirem suas áreas de plantio”, relembrou. No entanto, ela apontou que o mesmo nível de investimento não foi visto em toda a cadeia produtiva.
A analista reforçou a necessidade de diversificação nas estratégias de comercialização, utilizando o mercado físico, ferramentas de hedge e vendas antecipadas, além de aproveitar variações no dólar e nas cotações da Bolsa de Nova York para garantir melhores resultados.
Fonte: portaldoagronegocio