O ano de 2024 trouxe desafios para o agronegócio brasileiro, principalmente na produção das principais commodities agrícolas. Inicialmente, as projeções para a safra de soja eram otimistas, mas foram ajustadas devido a condições climáticas adversas durante o plantio. Já o milho teve redução na área plantada, reflexo de preços menos atrativos para os produtores. Apesar das adversidades, as exportações se mantiveram dentro do esperado, ainda que abaixo dos volumes recordes alcançados em 2023.
Exportações de Soja e Milho
As exportações de soja começaram o ano em ritmo acelerado, impulsionadas por negociações realizadas no ano anterior, e mantiveram-se acima do registrado no mesmo período até outubro. Nos dois últimos meses do ano, porém, houve desaceleração significativa. O programa de exportação foi concluído em 97,3 milhões de toneladas, com a China sendo o principal destino, responsável por 74 milhões de toneladas (76%). Outros compradores relevantes foram a Espanha (4,1 milhões de toneladas, 4%) e a Tailândia (3 milhões de toneladas, 3%).
Já no caso do milho, as exportações diminuíram em relação a 2023, totalizando 37,8 milhões de toneladas, frente às 55,6 milhões do ano anterior. O Egito foi o principal importador, com 5,4 milhões de toneladas (14%), seguido por Vietnã (4,6 milhões, 12%) e Irã (4,3 milhões, 11%). A China, que em 2023 liderou as compras, reduziu suas importações para 2,1 milhões de toneladas (6%) devido a melhores estoques internos.
Recorde nas Exportações de Farelo de Soja
Contrariando a tendência das outras commodities, o farelo de soja atingiu volume recorde em 2024, com 23,2 milhões de toneladas exportadas, superando os 22,4 milhões de 2023. A União Europeia foi o principal destino, seguida por países asiáticos como Indonésia, Tailândia e Vietnã.
Regulamentação Europeia e Implicações no Mercado
A nova regulamentação ambiental da União Europeia, a European Union Deforestation Regulation (EUDR), que inicialmente entraria em vigor em janeiro de 2025, foi prorrogada por um ano. A medida trouxe alívio ao mercado, permitindo mais tempo para ajustes às novas exigências. Contudo, há preocupação quanto ao impacto na continuidade do fornecimento de soja e farelo para o bloco europeu.
Espera-se que os custos do produto em conformidade com a EUDR aumentem de 5% a 10% para os consumidores europeus. Produtos que não atendam aos critérios poderão ser destinados ao mercado interno ou a países asiáticos. Paralelamente, o acordo entre Mercosul e União Europeia promete intensificar as relações comerciais entre os blocos.
Perspectivas para a Safra 2024/25
Para a safra 2024/25, as projeções são otimistas. A soja deverá expandir sua área e alcançar produção recorde, com potencial de até 170 milhões de toneladas. O consumo doméstico crescerá, impulsionado pela demanda para biodiesel. Estima-se a exportação de até 110 milhões de toneladas, representando desafios logísticos significativos.
A produção de milho também deverá aumentar levemente, alcançando entre 120 e 130 milhões de toneladas, dependendo das condições climáticas, especialmente na segunda safra. O consumo interno continuará a crescer, podendo atingir níveis históricos devido à expansão da produção de etanol. Esse cenário deverá elevar as exportações de subprodutos como DDG.
Conclusão
Apesar das incertezas enfrentadas em 2024, o agronegócio brasileiro manteve sua relevância no mercado global. As expectativas para 2025 apontam para um cenário promissor, com aumento da produção de soja e milho, além de oportunidades nas exportações. O setor, no entanto, precisará enfrentar desafios regulatórios e logísticos para garantir sua competitividade.
Fonte: portaldoagronegocio