Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Desafios e Avanços na Produção de Piarucu: Um Estudo Completo sobre a Aquicultura da Espécie

2024 word1
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Estudos realizados no Brasil têm se debruçado sobre os principais desafios enfrentados pelos produtores comerciais de pirarucu, abrangendo aspectos como melhoramento genético, criação de larvas, manejo sanitário, alimentação, crescimento, transporte e processamento. José Miguel Saud Morheb, piscicultor e empresário especializado na produção de peixes nativos em ambientes controlados, é uma das figuras centrais dessas pesquisas. Com mais de 12 anos de experiência, Morheb, que atua em Itapuã, no oeste de Rondônia, destaca o pirarucu (Arapaima gigas) como uma espécie promissora para o desenvolvimento da aquicultura em água doce, devido às suas altas taxas de crescimento e à crescente demanda de mercado.

Nos últimos cinco anos, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) tem mobilizado diversas instituições de pesquisa, tanto nacionais quanto internacionais, para colaborar com os principais atores do setor. O projeto, que contou com o apoio financeiro do Sebrae e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), focou nos desafios enfrentados pelos produtores na criação, manejo, cultivo e processamento dessa espécie.

Avanços na Reprodução e Diversidade Genética

Morheb ressalta que, embora o pirarucu fosse considerado monogâmico em sua formação de pares durante a reprodução, esse comportamento não se observa em fazendas de criação, onde uma fêmea pode copular com vários machos em diferentes ocasiões. A reprodução ocorre com a formação de pares que constroem ninhos no fundo de áreas rasas para a cópula, sendo seguidos de cuidados parentais intensivos após a fertilização externa.

Pesquisas em genômica populacional, tanto em estoques silvestres quanto em cativeiro, produziram resultados significativos, permitindo melhorias na cadeia produtiva e na conservação dos recursos genéticos do pirarucu. “Estudos confirmaram que o pirarucu representa uma única espécie, dividida em duas linhagens genéticas distintas, oferecendo novas oportunidades para o entendimento do processo de domesticação e adaptação dessas linhagens em sistemas de produção”, explica Morheb.

Redução dos Custos de Alimentação e Transportes

O projeto também investigou como o pirarucu se beneficia do consumo de zooplâncton na fase inicial de criação, antes de ser condicionado a rações comerciais. A pesquisa revelou que até atingirem 500 gramas, os peixes preferem consumir cladóceros e insetos. Além disso, um teste realizado com alevinos mantidos em tanques fertilizados demonstrou um ganho de peso 20% superior em relação aos animais de controle, que estavam em tanques não fertilizados.

Outro aspecto crucial abordado foi o transporte do pirarucu, uma etapa fundamental no manejo e cultivo. Com a falta de informações sobre as melhores práticas, o projeto realizou um estudo para definir a densidade ideal de transporte em contêineres. A pesquisa concluiu que uma densidade máxima de 160 kg por metro cúbico é segura para o transporte dos peixes por até seis horas, levando em consideração parâmetros fisiológicos para garantir o bem-estar dos animais.

Nutrição e Gestão de Doenças Parasitárias

A nutrição também foi um ponto de estudo importante, já que a falta de rações adequadas para as diversas etapas de produção do pirarucu é uma limitação crítica. A pesquisa identificou o farelo de glúten de milho, o farelo de subprodutos de aves e o farelo de soja como potenciais fontes proteicas para formulação de rações. Além disso, os estudos sobre os parasitas do pirarucu, especificamente o helminto Dawestrema cycloancistrium (Monogenea: Dactylogyridae), forneceram informações essenciais para o manejo eficaz de doenças parasitárias nos sistemas de produção.

Perspectivas para o Mercado e Processamento

Morheb destaca as qualidades do pirarucu que tornam a espécie atrativa para o processamento industrial, como seu excelente desempenho zootécnico, alto rendimento de carne, ausência de espinhos intramusculares, além de boa textura, sabor e cor da carne, que agradam ao paladar dos consumidores.

Ao longo do projeto, 10 treinamentos técnicos foram realizados, impactando 314 participantes nas áreas de reprodução e produção, e contribuindo significativamente para a profissionalização dessa cadeia de valor no Brasil. “Esses avanços são fundamentais para o crescimento sustentável da piscicultura de pirarucu e para a ampliação da produção de peixe no Brasil”, conclui Morheb.

Estudo

Fonte: portaldoagronegocio

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.