O mercado internacional de café vivenciou uma semana de preços em queda, com as cotações do café arábica em Nova York e do robusta em Londres apresentando desvalorizações que se refletiram também no mercado físico brasileiro. O otimismo em relação à próxima safra brasileira, particularmente no que diz respeito às floradas e às condições climáticas, foi um fator decisivo para essa pressão negativa sobre os preços.
Conforme análise do consultor da Safras & Mercado, Gil Barabach, o retorno das chuvas e a presença de floradas exuberantes no Brasil contribuíram para a intensificação da queda nos preços do café no mercado internacional. Barabach observa que, durante essa descida, a posição para dezembro de 2024 perdeu o suporte de 250 centavos, adicionando um peso técnico desfavorável à desvalorização do café arábica na ICE US. “A incerteza sobre a viabilidade das floradas e a capacidade das plantas de sustentar o cultivo, especialmente após um longo período de seca e temperaturas elevadas, alivia um pouco a pressão negativa sobre os preços”, comenta.
O consultor destaca que, de maneira geral, tanto as bolsas de Nova York quanto Londres estão voltadas para as perspectivas de 2025, especialmente em relação aos indícios da próxima safra brasileira. “As floradas ajudaram a reduzir o pessimismo em relação à produção, o que explica as perdas mais acentuadas e o viés negativo na curva de preços”, acrescenta.
Ademais, a arbitragem entre NY e Londres se alargou, com o café arábica valorizando-se em relação ao robusta, devido à maior fraqueza deste último. A chegada de café novo no Vietnã e o aumento da pressão vendedora em Londres, que viu seus preços caírem abaixo da marca de US$ 5.000 por tonelada para contratos de vencimento mais curto, resultaram em perdas significativas, especialmente nos contratos mais distantes. Barabach pondera que, embora as primeiras impressões confirmem a expectativa de uma safra baixa para 2024/2025, isso pode aliviar a pressão negativa sobre os preços.
Nos vencimentos mais distantes em Londres, o foco se desloca para a próxima safra do Vietnã, prevista para ser colhida em 2025, que deve responder bem à influência do fenômeno La Niña. “O clima e as floradas entre março e abril serão determinantes, e a confirmação de mudanças climáticas com chuvas mais regulares pode intensificar a tendência de baixa futura”, conclui.
Na análise da semana, entre os fechamentos das quintas-feiras, 17 e 24 de outubro, o contrato para dezembro em Nova York acumulou uma queda de 3,8%, passando de 255,15 centavos de dólar por libra-peso para 245,45 centavos. Em Londres, o mercado de robusta registrou uma desvalorização de 5,7% no contrato de janeiro de 2025.
O mercado físico interno brasileiro também sentiu a pressão das bolsas, embora a firmeza do dólar tenha oferecido certo suporte. A baixa nos preços resultou em uma redução natural no ritmo de negócios, mas a postura cautelosa dos vendedores limitou o impacto negativo, fazendo com que os preços internos caíssem menos do que nas bolsas. Tanto compradores quanto produtores mantêm uma postura de observação em relação ao desenvolvimento das floradas.
No balanço dos últimos sete dias, o preço do café arábica de qualidade superior no sul de Minas Gerais caiu de R$ 1.510,00 para R$ 1.480,00 a saca, uma diminuição de 2,0%. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, registrou um recuo de 2,5%, passando de R$ 1.410,00 para R$ 1.375,00 a saca na base de compra.
Fonte: portaldoagronegocio