A tripanosomose bovina é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma vivax, originário da África, que tem sido cada vez mais relatada no Brasil. Caracterizada por anemia severa, a doença afeta tanto bovinos de corte quanto leiteiros, podendo causar uma série de prejuízos.
No Brasil, a tripanosomose geralmente se espalha no rebanho por meio da introdução de animais portadores do parasita. A transmissão ocorre através do uso compartilhado de fômites (agulhas, bisturis, luvas de palpação, etc.) contaminados com sangue infectado, e também pela picada de moscas hematófagas como as mutucas (Tabanus sp.), a mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) e a mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans).
A doença pode se manifestar de três formas: clínica, subclínica ou crônica. Na forma clínica, os animais apresentam depressão, intensa anemia, febre intermitente, redução do apetite e do peso, diminuição na produção de leite, linfonodos aumentados, abortos, incoordenação motora, elevação das frequências cardíaca e respiratória, diarreia, e podem evoluir para óbito. Os sinais clínicos são inespecíficos e podem ser confundidos com outras doenças, como a tristeza parasitária bovina (babesiose e anaplasmose).
Segundo Marcos Malacco, médico veterinário e gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal, a tripanosomose bovina pode ser silenciosa, representando um grande risco, pois bovinos aparentemente saudáveis podem disseminar a doença, contaminando rapidamente todo o rebanho e impactando negativamente a produtividade da fazenda.
Os índices reprodutivos também são afetados, com atrasos no desenvolvimento sexual, puberdade, qualidade do sêmen, ciclos das fêmeas, e aumento de abortos e nascimentos de crias fracas. O impacto financeiro é significativo, e o retorno aos índices produtivos anteriores pode ser lento.
“Geralmente, são mais comuns animais com infecção subclínica, que podem apresentar parasitemia esporadicamente se não houver um programa de controle estratégico. Esses animais têm desempenho produtivo comprometido, com menor performance reprodutiva, taxas de desenvolvimento corporal reduzidas, e queda na produção leiteira. O Trypanosoma vivax pode interferir na imunidade geral, contribuindo para surtos de diversas enfermidades”, explica Malacco.
Para mitigar os impactos da tripanosomose, é crucial implementar um programa de controle adequado dos vetores de transmissão, como moscas hematófagas, e adotar rigorosos cuidados de limpeza e desinfecção dos materiais que entram em contato com o sangue dos animais. Outra medida importante é adquirir animais sem infecção ou mantê-los em quarentena antes de introduzi-los no rebanho.
O controle da tripanosomose deve incluir o uso correto de medicamentos específicos, como o cloridrato de isometamidium (Vivedium®), desenvolvido pela Ceva Saúde Animal. O Vivedium® é indicado para tratamento e controle preventivo da tripanosomose, com dosagem recomendada de 0,5 mg/kg P.V. para tratamento e 1 mg/kg P.V. para prevenção, proporcionando proteção por até 16 semanas. O período de carência é zero para o leite e 46 dias para o abate.
No primeiro ano, o programa de controle da tripanosomose bovina deve contemplar quatro aplicações de Vivedium® com intervalo de três meses. A partir daí, as aplicações podem ser reduzidas para duas ou três vezes ao ano, conforme a epidemiologia local ou orientação do veterinário responsável. Além disso, é essencial manter um programa de controle de moscas hematófagas e garantir a higiene e esterilização dos fômites compartilhados.
O sucesso na prevenção e controle da tripanosomose bovina depende da implementação de estratégias abrangentes e contínuas, visando a saúde e produtividade do rebanho.
Fonte: portaldoagronegocio