Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Como Portugal está beneficiando da relação entre microrganismos da uva e controle de doenças na videira

2024 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Cientistas da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), em Portugal, descobriram como utilizar microrganismos da superfície da uva para combater fungos e controlar doenças da própria vinha, como a podridão cinzenta (Botrytis cinerea). A inovação explorar os compostos produzidos pelas leveduras para o desenho de formulações antimicrobianas, possibilitando a redução do uso de pesticidas ou fungicidas convencionais que comprometem a sustentabilidade do setor.

O segredo está na microflora (bactérias, leveduras e fungos) que habita a superfície do bago da uva.

Estes microrganismos desempenham um papel fundamental no processo de vinificação (fermentação) e a sua diversidade e abundância variam com o estádio de maturação, variedade da uva, clima, práticas vitivinícolas, entre outros fatores.

“Mostramos que algumas espécies de leveduras que crescem na superfície da baga inibem o crescimento de fungos filamentosos que causam doenças”, explica o coordenador do projeto, Hernâni Geró.

“Isto abre excelentes perspetivas para o desenho de estratégias biológicas de controlo das doenças da vinha, minimizando a utilização de fungicidas nocivos para o ambiente”, refere o docente do Departamento de Biologia da ECUM e investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA).

Os resultados foram publicados na revista científica OENO One – Vinha e Vinho, e o trabalho está a ser desenvolvido em paralelo com o projeto “GrapeMicrobiota”, sendo cofinanciado com 250 mil euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

“GrapeMicrobiota” explora a caracterização, seleção e de leveduras indígenas de três castas da região do Douro (Norte de Portugal): Touriga nacional, Sousão e Viosinho.

Para além do seu potencial de biocontrolo de doenças causadas por fungos, estas estirpes identificadas no bago da uva estão a ser utilizadas para a produção de vinhos regionais de elevada tipicidade, em colaboração com a empresa Sogevinus, como alternativa às leveduras industriais.

“Com a globalização da vinha e dos métodos de vinificação, hoje em qualquer lugar se produzem vinhos de grande qualidade com castas de renome mundial, mas produzir vinhos com um perfil característico da região é um grande desafio, daí a aposta nas castas regionais. Estes vinhos ípicos, que refletem as características da região, das gentes, dos modos de cultura ancestrais, são cada vez mais apreciados pelos consumidores”, destaca Hernâni Gerós.

Os estudos realizados pela sua equipa na região dos Vinhos Verdes, com as castas e Vinhão, permitiram ainda isolar 17 leveduras autóctones.

Eles mostraram que a microflora na superfície da uva depende da variedade da uva e da região, e também é influenciada pela quantidade de pesticidas ou fungicidas aplicados no vinhedo. Estes resultados foram também publicados na OENO One – Vinha e Vinho.

“A diversidade da comunidade microbiana da videira pode contribuir fortemente para a tipicidade dos vinhos, uma vez que os microrganismos que vivem à superfície do bago determinam o andamento do processo de fermentação”, reforça Viviana Martins.

Fonte: portaldoagronegocio

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.