O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, destacou que, se o projeto de lei Combustível do Futuro for aprovado, a indústria esmagadora de soja no Brasil precisará, no mínimo, duplicar sua capacidade de processamento do grão. Isso se deve à possível elevação da mistura de biodiesel ao diesel, que atualmente está em 14% e poderia chegar a 25% até 2035, caso o PL seja aprovado.
Nassar enfatizou que esse aumento na demanda interna por biocombustível exigiria a construção de pelo menos mais 40 unidades processadoras de soja e aproximadamente 35 unidades de produção de biodiesel. Ele ressaltou que, embora o número de unidades de biodiesel seja menor devido à capacidade ociosa existente nesse segmento, ainda será necessário um volume significativo de investimentos, estimando cerca de R$ 53 bilhões até 2025 para atender a essa demanda.
Segundo Nassar, o biodiesel representa uma grande oportunidade de expansão dos biocombustíveis no Brasil, diferentemente do etanol, que, em sua visão, já atingiu um limite de crescimento. Ele destacou que o biodiesel está presente em apenas 14% da mistura obrigatória ao diesel, indicando um potencial de crescimento considerável.
Além disso, Nassar alertou que a demanda crescente pela soja virá principalmente do mercado interno, e não mais do mercado externo como ocorreu nos últimos anos. Ele observou que, embora a demanda global pelo grão continue aumentando, não será no mesmo ritmo anterior, o que não justificaria uma expansão desenfreada da área plantada.
Importância da Previsibilidade na Política de Biocombustíveis
O CFO da Caramuru, Marcus Thieme, ressaltou a importância da previsibilidade na política nacional de biocombustíveis, enfatizando que é essencial para atrair investimentos. Ele destacou a estabilidade no setor de etanol e a necessidade de aprimoramento na mistura de biodiesel ao diesel, visando uma política mais consistente.
Thieme também mencionou a relevância do desenvolvimento do segmento de biodiesel para a agricultura familiar, destacando que os projetos sustentáveis são atrativos para os investidores.
No mesmo painel, o CEO da Friboi, Renato Costa, destacou o potencial do DDG (grãos de destilaria) para impulsionar a pecuária de corte em Mato Grosso, evidenciando os benefícios econômicos e ambientais dessa prática.
Fonte: portaldoagronegocio