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Ana Maio
O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA-SP), localizado em Campinas, alcançou um marco significativo ao emitir um laudo sobre a doença de Newcastle em apenas 24 horas. Esse diagnóstico rápido foi crucial para que o Serviço Veterinário Oficial do Brasil pudesse implementar as medidas necessárias para o controle sanitário e evitar a disseminação da doença. Em resposta ao diagnóstico positivo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul por um período de 90 dias, a partir de 18 de julho.
O auditor fiscal federal agropecuário Christian Steffe Domingues, responsável substituto pela unidade de Diagnóstico e Identificação genética Animal do LFDA-SP, detalhou o processo. As amostras recebidas do Rio Grande do Sul foram analisadas no dia 15 de julho, e os primeiros resultados foram divulgados no dia 16. Foram examinados suabes de traqueia e cloaca, além de amostras de tecidos dos sistemas nervoso, respiratório e digestivo. Os suabes são hastes utilizadas para coleta de material biológico, técnica que ganhou notoriedade durante os testes de Covid-19.
Metodologia e Equipamentos Utilizados
Para os exames, foram empregadas cabines de segurança biológica para o preparo das amostras, homogeneizadores de tecidos, extratores e purificadores de material genético, termocicladores para ensaios de PCR em tempo real com transcrição reversa e sequenciadores genéticos. A técnica PCR amplifica regiões específicas do DNA, facilitando o diagnóstico a partir de amostras mínimas de tecido.
Christian explicou que as amostras passaram por cadastro e triagem iniciais, antes de serem encaminhadas à área de alta contenção biológica NBA3 (laboratório de nível de biossegurança 3 animal). Lá, os tecidos foram triturados e centrifugados, e o material obtido foi submetido à inativação do agente viral e extração de ácidos para posterior análise. Os resultados indicaram que as amostras dos sistemas nervoso e digestivo da ave identificada como nº 2 foram positivas para a doença de Newcastle, mas negativas para a gripe aviária. O sequenciamento genético confirmou que o vírus detectado era virulento.
referência Nacional e Internacional
O LFDA-SP, que não registrava casos de Newcastle desde 2006, é reconhecido como referência nacional e internacional para o diagnóstico dessa doença desde 1995. Em 2000, o laboratório tornou-se referência para o Mercosul, e em 2012, obteve acreditação na ISO/IEC 17025, que certifica a competência de laboratórios de ensaio e calibração. Em 2016, o LFDA-SP foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal como Laboratório de Referência para diagnóstico de doença de Newcastle e gripe aviária. Em 2022, a estrutura recebeu reconhecimento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
Os critérios para a designação como laboratório de referência incluem a habilidade e prontidão para prestar serviços de saúde animal, prestígio científico e técnico, liderança científica, estabilidade institucional e relevância técnica e geográfica. O LFDA-SP, com unidades em Campinas e Jundiaí, conta com 76 servidores e 81 terceirizados, sendo 19 servidores e dois terceirizados especificamente na Unidade de Diagnóstico Animal. Como laboratório oficial para diagnóstico de doenças avícolas, o LFDA-SP é fundamental na detecção de casos de Síndrome Respiratória e Nervosa das aves (SRN), que inclui a doença de Newcastle.
Fonte: portaldoagronegocio