A seca prolongada e os incêndios que atingiram o Brasil neste ano deixaram os pecuaristas em alerta com o impacto direto na degradação do solo e na escassez de pastagem. Com o início das chuvas, o capim começa a rebrotar, criando uma “ilusão de ótica” de solo saudável, como explica a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Giovana Maciel. Segundo ela, o verde que reaparece após o fogo não indica a recuperação completa da pastagem, e o solo pode estar esgotado, com escassez de nutrientes essenciais para sustentar o crescimento do capim. Para reverter esse quadro, a recomendação é o uso de gesso agrícola, fertilizantes orgânicos e bioestimulantes, que ajudam a recuperar o solo de forma sustentável.
Dados da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) mostram que a estiagem de 2024 poderá ser a mais severa já registrada no país. Segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ano de 2024 está entre os que apresentaram o maior número de focos de queimadas na última década, com mais de 80 mil registros apenas em setembro, um aumento de 30% em relação à média histórica.
Impacto do Fogo na Matéria Orgânica do Solo
Giovana, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, explica que a matéria orgânica – formada por folhas, raízes mortas e microrganismos – é fundamental para a saúde do solo. “Quando ocorre uma queimada, essa matéria é oxidada e perdida, empobrecendo o solo. Para elevar em apenas 1% o nível de matéria orgânica, são necessários cerca de dez anos de manejo cuidadoso, mas uma queimada pode destruir esses esforços em um único dia”, alerta.
Embora o capim renasça após o fogo, o solo permanece empobrecido. A pesquisadora esclarece que, no curto prazo, o capim pode aparentar vigor, já que as cinzas das queimadas contêm traços de potássio, que dão um suporte inicial. Porém, essa “arrancada” não é sustentável: após o primeiro pastejo, o solo já esgotado não consegue suprir o capim com os nutrientes necessários, o que reduz a produtividade da pastagem.
Após cerca de 45 a 60 dias das primeiras chuvas, a pastagem apresenta rebrote lento e suscetível a invasoras, plantas adaptadas a solos pobres que acabam dominando a área e degradando ainda mais o pasto. “O manejo permanente da fertilidade é essencial para manter um solo nutritivo e preparado para enfrentar adversidades como queimadas e períodos de seca”, observa Giovana.
Análise e Tratamento do Solo: Caminho para a Recuperação
A pesquisadora destaca a importância da análise do solo para avaliar sua fertilidade e determinar a necessidade de nutrientes. Com base nessa avaliação, é possível planejar a recuperação da pastagem. Uma das recomendações é o uso de gesso agrícola, um produto amplamente utilizado para restaurar o solo. “O gesso agrícola melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, fornece cálcio e enxofre, e reduz o efeito tóxico do alumínio. Isso permite que as raízes se desenvolvam em profundidade, promovendo um perfil de solo adequado para alta produtividade”, afirma rodrigo campos, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Agronelli Soluções, empresa especializada em insumos agrícolas.
Para Giovana, o uso do gesso é essencial em áreas afetadas pelo fogo ou pela seca. “O gesso fortalece o sistema radicular, aumentando a resiliência do solo e das plantas contra condições climáticas adversas”, explica.
Além do gesso, Campos menciona que a Agronelli oferece uma linha de produtos para acelerar o processo de recuperação do solo, como fertilizantes orgânicos e bioestimulantes que promovem a atividade microbiana e melhoram a estrutura do solo. “Também utilizamos condicionadores que corrigem a acidez e reequilibram os nutrientes, criando um ambiente saudável para o crescimento das pastagens. Com o uso contínuo desses produtos, o produtor pode alcançar uma recuperação mais rápida e uma maior produtividade em suas áreas de pastagem”, finaliza Campos.
fonte: portaldoagronegocio