O dólar apresentou uma alta significativa em relação ao real nesta quinta-feira, registrando um aumento em torno de 1%, à medida que os investidores adotam uma postura defensiva diante das crescentes preocupações com a situação fiscal brasileira.
Às 10h14, o dólar à vista subia 0,98%, sendo negociado a 5,5387 reais. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,89%, cotado a 5,547 reais.
Ao longo da semana, a moeda norte-americana acumulou ganhos frente ao real, impulsionada por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da silva na terça-feira. Em entrevista à TV Record, Lula questionou a viabilidade de cumprir o arcabouço fiscal caso surjam “coisas mais importantes para fazer”. Estas declarações reacenderam os temores do mercado quanto ao comprometimento do governo com o equilíbrio fiscal, especialmente com a aproximação da divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre, onde o governo precisará detalhar como pretende atingir a meta de déficit zero neste ano.
Na quarta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4850 reais, registrando uma alta de 1,03%.
Mais cedo, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o presidente Lula determinou que o governo não deve gastar mais do que arrecada, um princípio que deve ser refletido no Orçamento do próximo ano. “Nós temos um compromisso com o país, por determinação do presidente e da equipe econômica, de não gastar mais do que arrecada”, disse Tebet em entrevista ao programa “Bom dia, ministra”, do CanalGov.
Apesar das declarações da ministra, os investidores mantiveram-se cautelosos. “Foi uma boa sinalização em termos de discurso, mas o mercado permanece cético sobre a efetiva implementação dessas medidas”, comentou Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “As falas de Tebet deveriam aliviar um pouco a pressão, mas não é o que estamos observando agora”, acrescentou.
No cenário internacional, os mercados estavam atentos à decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE) e aos dados de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. O BCE manteve sua taxa de depósito inalterada em 3,75%, conforme esperado pelos analistas, após um corte de 25 pontos-base na reunião anterior, iniciando um ciclo de afrouxamento monetário aguardado. As autoridades do BCE reafirmaram seu compromisso com o retorno da inflação na zona do euro à meta de 2%, destacando que os juros permanecerão suficientemente restritivos pelo tempo necessário, sem sinalizar os próximos passos.
Nos Estados Unidos, os novos dados de auxílio-desemprego vieram acima do esperado, reforçando a percepção de que o mercado de trabalho está moderando. O Departamento de Trabalho relatou um aumento de 20.000 pedidos iniciais de auxílio-desemprego em relação à semana anterior, totalizando 243.000, acima da expectativa de 230.000. Esses dados, combinados com números de inflação mais benignos no segundo semestre, aumentam as expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Os operadores estão precificando um corte inicial em setembro, com a possibilidade de mais dois cortes adicionais até o fim do ano. Quanto mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna menos atrativo quando os rendimentos dos Treasuries diminuem. Apesar dos números, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,22%, a 103,900.
Fonte: portaldoagronegocio