De acordo com um estudo produzido pela McKinsey & Company, o agricultor brasileiro foi, na média global, o profissional que mais utilizou os meios digitais em suas atividades, acelerando mais a transformação digital de suas operações que países desenvolvidos.
A conclusão foi possível a partir de um comparativo entre os anos de 2019, 2021 e 2022. No ano anterior ao início da pandemia, 36% dos agricultores brasileiros utilizavam meios digitais para realizar compras de insumos e maquinários. Em 2021, houve um salto de 10 pontos percentuais no Brasil, com 46% dos produtores rurais lançando mão de ferramentas digitais para compra de produtos pertinentes à atividade. Já em 2022, o percentual nacional registrou uma leve redução para 41%, mas que não ameaça a posição do país na vanguarda da digitalização na agricultura.
Outra conclusão positiva evidenciada pelo estudo é a de que cerca de 50% dos agricultores brasileiros já adotaram ou estão dispostos a adotar tecnologias agrícolas em suas operações. O pioneirismo dessa iniciativa se concentra entre os jovens produtores agrícolas e os grandes produtores de grãos, o que revela a conscientização acerca do uso de ferramentas e inovações tecnológicas como forma de otimizar e melhorar os produtos oferecidos no mercado, bem como impulsionar a competitividade internacional.
Sobre o uso do ambiente digital para a efetuação de compras de produtos, por parte dos produtores agrícolas brasileiros, o relatório revela que 71% deles preferem fazer as compras pelo formato híbrido, uma combinação entre o formato presencial com o digital – que engloba o uso de comércio eletrônico e troca de mensagens instantâneas.
No entanto, uma das justificativas para a popularidade desse formato é a falta de confiança dos agricultores no processo de compra online, já que 41% deles apontaram esse desafio. 25% responderam que a falta de recomendações customizadas dos produtos, além da falta de atendimento ao cliente, alegada por 22% dos agricultores, também são barreiras que dificultam a adesão completa às compras online por parte do setor. Assim, surge a necessidade de investimentos na educação desses empresários até o aperfeiçoamento do formato de compras digital e investimentos em atendimento personalizado e de qualidade, garantindo ao produtor agrícola uma melhor jornada de compra.
Por mais que a era digital no campo seja, sim, inevitável, e representa uma tendência na qual todo o produtor deve se encontrar se deseja evoluir, oferecer soluções que realmente façam sentido e terminem por otimizar todas as áreas da produção agrícola é o que vai transformar esse cenário. Cabe ao segmento tecnológico entender a nova mentalidade do produtor rural, que, cada vez mais, aceita mudanças tecnológicas e compreende os benefícios de que a implantação de tecnologia especializada na gestão da lavoura faz toda a diferença dentro de uma estratégia voltada para o crescimento da produção. Isso engloba o controle sobre todos os aspectos da fazenda, desde insumos e produção até gestão de custos.
Enquanto o agronegócio continuar evoluindo para atingir novos horizontes, no que diz respeito à lucratividade e eficiência das práticas do gestor rural, as soluções tecnológicas deverão acompanhar essa evolução. Em outras palavras, como o ambiente digital expande as mais diversas tecnologias, é preciso contar com a solução certa para cada segmento do agronegócio, que ofereça funcionalidades especializadas e módulos facilitadores, especificamente projetados para as necessidades daquela produção rural.
A estratégia omnichannel para interagir com o agricultor veio para ficar. Nos próximos anos, com o avanço do conhecimento e com mais agricultores tendo sucesso em suas experiências digitais, o caminho natural é de que o uso dessas ferramentas siga crescendo, o que cria novas oportunidades e traz modernização para todos os atores do ecossistema agrícola.
Max Ruben de Oliveira Schultz é gestor de negócios do Agrotitan, software de gestão da Viasoft que oferece soluções em agronegócios para os setores de insumos agrícolas, cerealistas, agroindústrias, fazendas, algodoeiras, sementeiras, cooperativas e laticínios.