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Cólica Equina: Entenda Suas Causas e Tratamentos Emergenciais

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A cólica equina é um quadro de emergência veterinária e uma das principais afecções que ameaçam a vida dos equinos. Essa síndrome representa uma das doenças do sistema digestivo mais recorrentes entre esses animais, gerando consideráveis perdas econômicas. Ela é considerada a principal causa de mortalidade em equinos e requer intervenções clínicas e/ou cirúrgicas, além de resultar na necessidade de afastamento temporário dos animais de suas atividades cotidianas. A condição também pode desencadear outros problemas associados, como laminites.

Um estudo realizado nos Estados Unidos indicou que os custos gerados pela cólica equina para a indústria equestre ultrapassaram U$ 115 milhões. Desse total, U$ 76 milhões estão relacionados a animais que vieram a óbito, e U$ 4 milhões referem-se a equinos que precisaram ser afastados definitivamente de suas atividades. “No Brasil, não existem dados semelhantes sobre os impactos financeiros da síndrome, mas estima-se que pelo menos 10% dos equinos apresentarão cólica em algum momento da vida. Considerando um rebanho de 5,8 milhões de animais, conforme o censo de 2022, é possível afirmar que cerca de 580 mil equinos brasileiros serão afetados pelo problema”, ressalta Fernanda Ambrosino, médica-veterinária e gerente da linha de Equinos da Ceva Saúde Animal.

Comumente conhecida como abdômen agudo, a síndrome cólica equina caracteriza-se por dor abdominal aguda e intensa, que pode ser controlada por meio de manejo e medicação ou requerer intervenção cirúrgica, dependendo da intensidade e da causa do quadro. A intervenção médico-veterinária rápida ao surgimento dos primeiros sintomas é crucial para um prognóstico favorável.

“O sistema digestivo dos equinos possui diversas particularidades anatômicas que os tornam mais suscetíveis a alterações graves que causam cólica. A maioria dos casos ocorre devido a problemas relacionados à digestão, como fermentação de alimentos, compactação de material fecal na alça intestinal, obstrução, intussuscepção ou torção de alça”, explica Fernanda. “Os episódios de cólica também podem ser provocados pela formação de enterólitos, que são massas sólidas formadas dentro do intestino do cavalo, resultantes da ingestão de alimentos altamente fibrosos ou de corpos estranhos, como pedras ou metais, além da presença de uma quantidade elevada de vermes intestinais”.

Mudanças de comportamento, como deitar e levantar repetidamente, assim como se esticar e retornar à posição normal de forma contínua, não devem ser ignoradas. “Uma intervenção rápida não apenas busca aliviar a dor ou desconforto do animal, mas também ameniza a inflamação e reduz a distensão da alça intestinal, promovendo melhora na perfusão e oxigenação dos tecidos. Isso é essencial para uma resolução satisfatória do quadro”, enfatiza a veterinária. “Um suporte veterinário adequado e oportuno pode até reduzir o tempo de afastamento do animal de suas atividades devido à cólica”.

Embora o tratamento varie conforme cada caso e sua gravidade, existem princípios terapêuticos comuns a muitos casos, como a sondagem nasogástrica, o uso de anti-inflamatórios e analgésicos, além da reposição de fluidos para corrigir desequilíbrios eletrolíticos e acidobásicos. “O anti-inflamatório de escolha para o tratamento de cólicas em equinos é a flunixina meglumina, que reduz a inflamação e promove analgesia em decorrência de dores viscerais e de tecidos moles. Já a reposição de fluidos é fundamental para manter o equilíbrio hidroeletrolítico do animal e, quando administrada juntamente com dimetilsulfóxido, ajuda a reverter os distúrbios circulatórios e a remover os radicais livres associados à cólica, auxiliando na prevenção da necrose tecidual”, esclarece Fernanda. “No entanto, o principal aliado do cavalo contra a cólica é, sem dúvida, o manejo, que frequentemente passa a ser ajustado somente após os animais sofrerem com a doença”.

A recuperação dos equinos está diretamente relacionada à progressão e gravidade do quadro apresentado. Em casos de resolução clínica com intervenção rápida, o retorno às atividades pode ocorrer em poucos dias, enquanto casos que exigem intervenção cirúrgica podem levar meses para a recuperação ou, em algumas situações, o retorno pode não ser possível.

“Os equinos são animais exigentes e extremamente sensíveis. A maioria das cólicas decorre de falhas no manejo, seja ele alimentar, ambiental ou na rotina de atividade física. Por isso, a prevenção sempre se baseia em boas práticas de manejo e monitoramento constante dos animais”, enfatiza Fernanda.

Para a veterinária, um controle parasitário eficaz, alimentação de qualidade com maior proporção de volumoso em relação ao concentrado, profilaxia dentária para promover uma mastigação eficiente, redução das mudanças ambientais, manutenção de uma rotina de exercícios adequada, fácil acesso à água e diminuição das fontes de estresse externo são fundamentais na prevenção da cólica nas propriedades. “Embora possa ser trabalhoso, corrigir um manejo inadequado tem certeza um impacto menos prejudicial ao tratador, ao proprietário e, especialmente, ao animal do que a ocorrência da síndrome cólica e sua potencial letalidade”, conclui Fernanda.

Fonte: portaldoagronegocio

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