Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, o cenário se mostra bastante “conversado”, isto é, os agentes demonstram intenção de negociar, mas esses acordos acabam não sendo concretizados. O viés dos preços é altista, devido aos danos expressivos causados às lavouras paranaenses pelo excesso de chuvas recentes. Conforme ele, a intempérie segue assolando a cultura no Paraná.
“Todo o trigo colhido nestes primeiros vinte dias de outubro teve sua qualidade comprometida. A partir do final de semana espera-se uma trégua de cerca de 10 dias do excesso de precipitações, o que pode contribuir para o avanço da colheita. Mais de 60% das lavouras restantes estão em fase de maturação, já suscetíveis às chuvas. Com apenas 45% das lavouras para serem colhidas, pode-se dizer que a safra paranaense será muito comprometida”, disse.
Essas perdas podem ser observadas nos acompanhamentos de safra exclusivos da Agência SAFRAS. Nesta semana, nossa reportagem conversou com fontes de cooperativas e da secretaria da agricultura do Paraná. Uma delas, do núcleo regional de Cornélio Procópio do Deral disse que quase 10% da produtividade já está comprometida na área de 100 mil hectares. Fonte da Coopavel projetou perda de qualidade nesta safra, com uma área próxima de 120 mil hectares.
No Rio Grande do Sul, a situação é diferente. O clima vem sendo favorável até o momento. A expectativa é de uma safra recorde. Mas a colheita ainda está em estágios iniciais e atrasada em relação ao ano passado, devendo se estender, ao menos, até o início de dezembro. O analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, alerta, no entanto, que “quando se fala de trigo, antes de toda a safra estar acondicionada em armazéns, é impossível cravar que a safra será de alta produtividade e qualidade”.