A China registrou um recorde histórico nas importações de soja em agosto, atingindo 12,14 milhões de toneladas. O volume elevado reflete uma estratégia dos comerciantes chineses, que aproveitaram os preços mais baixos para formar estoques, diante das incertezas relacionadas às tensões comerciais com os Estados Unidos, especialmente caso Donald Trump retorne à presidência.
As importações no mês passado representaram um aumento expressivo de 29% em relação às 9,43 milhões de toneladas adquiridas no mesmo período de 2022, segundo cálculos da Reuters com base em dados divulgados pela alfândega chinesa nesta terça-feira.
“O crescimento nas importações foi influenciado pelo desembaraço alfandegário de navios que estavam atrasados no mês anterior, mas que foram finalmente liberados em agosto”, explicou Rosa Wang, analista da JCI, uma consultoria agropecuária sediada em Xangai. Além disso, os preços mais baixos da soja negociada na Bolsa de Chicago ofereceram uma oportunidade para grandes compras nos últimos meses. “Alguns também apontam que os compradores estão se precavendo contra possíveis tarifas mais altas que Donald Trump possa impor caso vença as eleições nos Estados Unidos”, acrescentou Wang.
Entre janeiro e agosto de 2024, as chegadas de soja à China totalizaram 70,48 milhões de toneladas, representando um aumento de 2,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Administração Geral de Alfândega.
Esse volume recorde, no entanto, contribui para o excedente de oferta no maior mercado global da commodity, que enfrenta uma economia local fragilizada, impactando negativamente o consumo de carne e laticínios. A soja importada é processada para produção de farelo destinado à ração animal e óleo para cozinha.
Apesar de uma leve redução nos estoques domésticos de soja e farelo, os níveis ainda permanecem elevados, segundo a consultoria agrícola MySteel. Esse cenário de sobreoferta, aliado ao aumento dos custos da soja importada, fez com que as margens de esmagamento no principal centro de processamento da China, em Rizhao, atingissem o nível mais alto desde julho. No entanto, as esmagadoras ainda enfrentam perdas de cerca de 300 iuanes (42,17 dólares) por tonelada processada.
Enquanto isso, no Brasil, os produtores de soja podem ver um aumento de 14% na produção para a temporada 2024/2025, de acordo com uma pesquisa da Reuters realizada com 10 analistas e instituições de mercado. Esse crescimento deve-se às expectativas de chuvas mais abundantes no último trimestre do ano, impulsionando a safra brasileira.
Fonte: portaldoagronegocio