O adiamento da implementação do Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR) para o final de 2025 não diminui a urgência com que os produtores agrícolas e florestais devem se preparar para garantir a transparência e a rastreabilidade em suas cadeias produtivas. Segundo Rafael Brevigliero, coordenador de Negócios e Serviços do Imaflora, certificações e auditorias podem representar um caminho inicial para o cumprimento das exigências do regulamento.
Embora as certificações apresentem divergências que impossibilitam uma equivalência automática com os requisitos do EUDR, existe uma sinergia significativa entre os diferentes protocolos de certificação e verificações, que podem até se complementar. A rastreabilidade, em particular, se destaca como uma ferramenta fundamental para garantir informações sobre a origem dos produtos, aliando-se à geolocalização e à conformidade com normas sociais, o que confere credibilidade às informações fornecidas à União Europeia sobre a não origem de produtos de áreas desmatadas após dezembro de 2022.
Apesar de suas limitações, as certificações comprovadamente proporcionam benefícios sociais e ambientais, gerando um impacto positivo além de suas áreas de atuação. Assim, elas podem ser vistas como um primeiro passo para a adoção dos novos requisitos estabelecidos pela regulamentação.
Além de atender ao EUDR, as certificações têm sido buscadas por produtores rurais e florestais como uma forma de validar suas práticas, seja para o mercado, clientes e fornecedores, ou ainda para atrair e reter talentos. Esses processos visam, também, a melhoria contínua na gestão dos negócios, o aumento da eficiência e da produtividade, o cumprimento das legislações ambiental e trabalhista, a conservação dos recursos naturais, e a garantia dos direitos e do bem-estar dos trabalhadores rurais, tudo isso de maneira documentada e auditada.
É importante destacar que as certificações têm limites, os quais são transparentes. Uma das restrições desses sistemas de verificação é o seu funcionamento por amostragem. Portanto, devem ser considerados como uma ferramenta complementar, que, embora traga benefícios significativos, não pode ser utilizada isoladamente e não dispensa a atuação de autoridades públicas e de outros agentes legais e sociais.
No Imaflora, acreditamos que a certificação vai além de um mero atestado de boas práticas; é um processo contínuo de aprimoramento, elevação de padrões e busca por maior sustentabilidade na produção. Mesmo com o adiamento da vigência do EUDR, as ações de adequação à legislação devem ser iniciadas imediatamente e podem ser vistas como diferenciais competitivos valiosos para o agronegócio brasileiro.
A crise climática já causou bilhões de reais em prejuízo ao setor agropecuário, e uma das soluções mais eficazes para o Brasil reside no combate ao desmatamento. O regulamento EUDR e as certificações oferecem ao país uma oportunidade singular de se afirmar como líder em uma nova economia sustentável, alinhada a políticas socioambientais e climáticas.
Fonte: portaldoagronegocio