O Brasil superou os Estados Unidos e se consagrou como o maior exportador mundial de algodão na safra de 2023/24. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o país deve colher cerca de 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma) até o final deste mês, com exportações estimadas em 2,6 milhões de toneladas. Até o momento, aproximadamente 60% da produção já foi comercializada.
Desenvolvimento das lavouras e colheita promissora
Embora apenas 7,2% da área estimada no Brasil tenha sido colhida até agora, as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento das lavouras ao longo do ano. No início de junho, mais de 80% das plantações já estavam em fase de maturação, indicando uma colheita otimista.
Em Minas Gerais, a colheita está avançando de forma satisfatória, especialmente na Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, onde cerca de 20% da safra já foi colhida. De acordo com José Lusimar Eugênio, gerente da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), a safra mineira tem se desenvolvido bem desde o início do plantio, apesar de alguns desafios climáticos. “Tivemos falta de chuva em dezembro e excesso em fevereiro e março, mas nada que comprometesse a safra. Tivemos uma excelente safra e teremos novamente uma colheita recorde em produtividade”, afirmou.
Preocupações com a umidade e qualidade do algodão
Uma das principais preocupações dos produtores é a umidade do algodão, que, em excesso, pode comprometer a qualidade do produto. Para evitar perdas, Eugênio recomenda que a colheita seja realizada no momento adequado, respeitando o período pós-aplicação do maturador, um químico que acelera a maturação. Além disso, é importante evitar a colheita durante ou logo após a queda de orvalho, pois a umidade pode afetar a qualidade das fibras. A colheita deve ser feita preferencialmente em dias de sol, nas horas mais quentes, para assegurar que o algodão esteja seco e facilitar a separação da fibra do caroço.
Fernanda Rodrigues da Silva, gerente de relacionamento da empresa Loc Solution, que detém a marca Motomco de medidores de umidade, avalia que a padronização dos métodos de medição da umidade é fundamental para a indústria algodoeira, já que a umidade excessiva ou insuficiente pode afetar significativamente a qualidade do algodão. “Medidores de umidade portáteis oferecem uma solução prática para avaliações rápidas e podem ser uma ferramenta valiosa durante a colheita e o beneficiamento”, afirma.
A utilização de equipamentos adequados permite uma compreensão mais precisa da qualidade do algodão, além de possibilitar uma gestão eficiente da umidade, aspecto crucial para manter a integridade do produto. “Ao adotar técnicas de medição e controle de umidade recomendadas por especialistas, os produtores podem garantir a qualidade do algodão e melhorar a eficiência do processo de colheita e beneficiamento, resultando em um produto final de maior qualidade e valor no mercado”, enfatiza Fernanda.
Transformação do setor e mercados internacionais
Há cerca de duas décadas, o Brasil era o segundo maior importador mundial de algodão. Conforme destaca a Abrapa, essa transformação se deve ao intenso trabalho e investimento em pesquisa, desenvolvimento científico, profissionalismo e união entre os atores do setor. A Abrapa credita o bom desempenho à forte conexão entre os produtores de algodão e a indústria têxtil brasileira.
Apesar da concorrência externa, o consumo de fios e de algodão no Brasil está previsto para aumentar de 750 mil toneladas para 1 milhão de toneladas por ano. Os principais mercados para o algodão brasileiro incluem China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão.
Fonte: portaldoagronegocio