As exportações brasileiras de açúcar atingiram um novo recorde anual até outubro, superando o total exportado em 2023, conforme dados da Secretaria de comércio exterior (Secex). A alta demanda se deve, em grande parte, à restrição de exportação imposta pela Índia, o que aumentou as importações do Brasil, maior fornecedor global de açúcar bruto, respondendo por cerca de 70% das exportações mundiais da commodity.
A consultoria Argus apontou que, além da demanda indiana, outros países, como Indonésia, Egito e Emirados Árabes Unidos, ampliaram significativamente suas compras de açúcar brasileiro. A Indonésia, inclusive, ultrapassou a China como principal destino do produto brasileiro até setembro, de acordo com dados do governo.
Ainda que o balanço completo de outubro só seja divulgado oficialmente nesta quarta-feira, os dados preliminares da Secex, até a quarta semana do mês, já registram um total de 31,7 milhões de toneladas exportadas em 2024, superando as 31,3 milhões de toneladas embarcadas em todo o ano de 2023. Até a quarta semana de outubro, o país já havia exportado 3,29 milhões de toneladas, e o volume deve aumentar com os números da última semana do mês.
O cenário de aumento nas exportações brasileiras também foi beneficiado pelos estoques elevados resultantes de uma safra recorde anterior, que permitiu que o Brasil realizasse embarques expressivos desde o início de 2024, mesmo com uma colheita de cana-de-açúcar menor este ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com a Argus, as exportações brasileiras foram fortemente impulsionadas pela restrição indiana implementada em novembro de 2023, após perdas de produção causadas por condições climáticas adversas. Como a Índia, maior consumidor e segundo maior produtor mundial de açúcar, limitou suas exportações, o Brasil teve a oportunidade de atender à demanda global e direcionar volumes significativos para mercados que antes eram abastecidos pelos indianos.
Nos primeiros nove meses de 2024, o Brasil exportou 2,2 milhões de toneladas de açúcar para a Índia, registrando uma alta de 72% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Argus e do governo brasileiro. Já para a Indonésia, as exportações somaram 2,6 milhões de toneladas entre janeiro e setembro, um volume aproximadamente três vezes superior ao embarcado no mesmo período de 2023.
A tendência de aumento se repetiu com outros países: as exportações para os Emirados Árabes Unidos quase triplicaram, atingindo cerca de 2,1 milhões de toneladas, enquanto o Egito importou 1,6 milhão de toneladas de açúcar brasileiro até setembro, mais que o dobro do mesmo período de 2023.
Fonte: portaldoagronegocio