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Agronegócio

Biomassa com captura de carbono na aposta brasileira para zerar emissões até 2050

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Lançado no final de fevereiro, o relatório traz três cenários para o Brasil alcançar neutralidade de carbono até 2050, todos eles com avanço da bioenergia associada a tecnologias de captura e armazenamento de carbono (BECCS). Veja na íntegra (.pdf)

Os cenários unem o útil ao desejável:

A tradição brasileira na produção de etanol e biodiesel e sua infraestrutura para combustíveis líquidos ao fortalecimento do agro (só que com uma pegada de carbono potencialmente negativa) e estabelecimento de uma indústria verde no país.

No setor de transportes, os chamados biocombustíveis avançados — diesel verde, combustível sustentável de aviação (SAF), gasolina verde e biocombustíveis marítimos –, despontam como o principal vetor de substituição aos fósseis.

Já a eletrificação, tendência nas principais economias mundiais, por aqui, deve ocorrer em nichos.

O ponto de virada para esses biocombustíveis avançados ocorre em 2050, quando a participação do diesel verde na matriz, por exemplo, deverá superar a do biodiesel — e até mesmo a do fóssil –, mostra o documento.

O otimismo tem dois motivos: demanda em alta de segmentos do setor de transportes mais difíceis de serem eletrificado, como o aéreo, o marítimo e o transporte de cargas; e o potencial do BECCS para abater emissões em outros setores.

“A centralidade dos BECCS no alcance da neutralidade de carbono no país é evidenciada pelos volumes de carbono capturados, que alcançam 274 e 369 milhões de toneladas de CO2, em 2050, nos cenários Brasil e Global, respectivamente”.

As biorrefinarias prometem atrair vultosos investimentos em industrialização para o país, e fornecer insumos para produção de petroquímicos.

“É necessário atender a demanda por vários combustíveis líquidos, nafta petroquímica, GLP, ao mesmo tempo em que se torna necessário compensar emissões de gases de efeito estufa (GEE) de setores de difícil abatimento, como aviação, transporte marítimo e transporte de carga a longa distância”, explica o documento.

Alguns “mas”

No Brasil o corte de GEE depende mais do agro que da energia.

Mudanças no uso da terra (desmatamento) e agropecuária juntas, representam 73% das emissões totais no país. Enquanto o setor energético foi responsável 18% em 2021, de acordo com o SEEG.

E, embora os três cenários incorporem mudanças estruturais para os setores de oferta e demanda de energia necessárias para alcançar a neutralidade, eliminar o desmatamento ilegal até 2050 continua sendo condição indispensável.

Acabar com o desmatamento ilegal evitará 21 bilhões de toneladas CO2 até 2050;

Caso contrário, o custo de compensação pode chegar a US$ 3,4 trilhões para cumprir a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira.

Além disso, é preciso alcançar emissões negativas na energia até 2040. Dois dos cenários estimam aproximadamente 30 bilhões tCO2eq evitadas no horizonte e emissões líquidas zero em 2050. No cenário global, o esforço de mitigação alça cerca de 40 bilhões tCO2eq evitadas.

“Para que a neutralidade em GEE seja alcançada no horizonte de 2050 é necessário haver emissões negativas de CO2 em torno de 2035-2040, ou seja, uma década antes do momento de alcance da neutralidade climática no país”.

Nos três cenários do estudo, as emissões de CO2 são negativas em torno de 500 milhões de toneladas.

Recomendações políticas

O relatório faz nove recomendações políticas, duas delas com foco na captura e armazenamento de carbono (CCS).

A preocupação é com a criação de um arcabouço regulatório para viabilizar as tecnologias e modelos de negócios com foco na redução e remoção de carbono.

No ano passado, o tema entrou nas agendas do Congresso Nacional com o PL 1425/2022, do ex-senador Jean Paul Prates, hoje presidente da Petrobras, e do governo federal, no Programa Combustível do Futuro.

Mas a indústria ainda aguarda definições sobre um futuro marco legal. Não só para o CCS. Diesel verde e SAF também estão na fila das políticas setoriais.

Fonte: portaldoagronegocio

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