“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, apontou o documento, ressaltando que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta.
O documento explicou que essa confiança na melhora do ritmo de queda de preços viria apenas com uma “alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação”, como uma reancoragem “bem mais sólida” das expectativas, uma “abertura contundente do hiato do produto” ou uma “dinâmica substancialmente mais benigna” do que a esperada da inflação de serviços.
Com relação à extensão de seu ciclo, o BC diz haver necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas.
“A extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou.
O BC iniciou na semana passada o ciclo de baixa da taxa básica de juros com um corte de 0,5 ponto percentual, o primeiro em três anos, além de sinalizar novas reduções equivalentes nas próximas reuniões do Copom.
A decisão surpreendeu parte dos analistas de mercado que esperavam uma redução mais moderada, e não foi tomada por unanimidade, com votos por um corte de 0,50 ponto do presidente Roberto Campos Neto e dos diretores Ailton de Aquino, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Damaso. Os diretores Diogo Guillen, Fernanda Guardado, Maurício Moura e Renato Gomes defenderam corte de 0,25 ponto.
A ata afirma que o Copom viu mérito tanto na opção de reduzir a taxa selic em 0,25 ponto percentual como em 0,50 ponto percentual.
“Qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária”, disse.
Segundo o documento, ambas as opções de corte, a depender do ciclo, seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta tanto nos cenários de referência do Comitê, como em outros cenários apresentados na reunião.
Fonte: portaldoagronegocio