O mercado brasileiro de feijão carioca começou a semana com um volume de negócios moderado, apontando uma leve melhora no ritmo das negociações. No entanto, as vendas ficaram aquém do esperado, mesmo em um período tradicionalmente favorável à comercialização, como observou Evandro Oliveira, analista e consultor da Safras & Mercado.
Segundo Oliveira, a antecipação dos corretores em reajustar as cotações para acompanhar um mercado mais dinâmico não obteve o resultado desejado. Embora as negociações tenham se concentrado em feijões de alta qualidade, os preços para os feijões extra nota 9,5 e 9 atingiram R$ 265,00 e R$ 245,00 por saca, respectivamente. Contudo, o volume comercializado permaneceu limitado.
No meio da semana, o mercado enfrentou novos desafios, com a oferta de volumes não expressivos e negociações restritas a mercadorias comerciais. Inicialmente, os produtores estavam retraídos, mas começaram a mostrar disposição para negociar aos preços atuais, na expectativa de escoar o produto até o fim da semana. No entanto, os compradores, sem urgência em reabastecer seus estoques, mantiveram as cotações firmes, criando um cenário complicado, especialmente devido à baixa oferta de feijões intermediários nota 8 e 8,5.
Ao longo da semana, o mercado continuou travado, enfrentando dificuldades na zona cerealista e um abastecimento gradual. Corretores estão lidando com incertezas na definição de preços, enquanto os valores nas lavouras se aproximam dos custos de produção, variando entre R$ 180,00 e R$ 230,00 por saca, dependendo da qualidade. Oliveira destaca a importância de adotar estratégias flexíveis e promover negociações ativas para tentar movimentar um mercado cada vez mais desafiador, especialmente com o avanço da colheita da safra irrigada e a expectativa por melhores volumes de chuva nas regiões de sequeiro.
Mercado de feijão preto
Durante a semana, o mercado de feijão preto manteve a firmeza nos preços, com os vendedores insistindo em cotações elevadas para feijões de qualidade extra. De acordo com Oliveira, o preço máximo oferecido para os melhores padrões enfrentou resistência em ultrapassar a marca de R$ 290,00 por saca, mesmo com três cargas disponíveis a esse valor. A escassez de amostras de feijões de qualidade comercial no mercado acrescenta complexidade ao cenário, embora os compradores conheçam as fontes e corretores que operam com esses padrões. Para contornar essa situação, os corretores estão promovendo negociações via embarque, uma estratégia que permite maior flexibilidade nos preços e facilita a concretização de negócios.
“A demanda continua inativa, mantendo os preços em níveis semelhantes e impedindo uma reação mais expressiva do mercado. Tentativas de corretores de pedir até R$ 300,00 por saca não tiveram sucesso, resultando em um mercado estagnado. Apesar disso, os detentores de feijão preto permanecem firmes em suas exigências, com valores ainda variando entre R$ 290,00 e R$ 300,00 por saca, dependendo da qualidade do grão. A limitada oferta de amostras de qualidade inferior torna ainda mais difícil a definição de preços precisos”, explica o analista.
Embora tenha havido uma leve melhora na procura por essa variedade, o mercado continua enfrentando desafios devido aos preços pouco atrativos para os compradores. Após o fechamento do pregão, alguns negócios foram realizados a R$ 280,00 por saca para produtos de boa qualidade, mas sem força suficiente para uma movimentação significativa. A combinação do excedente da segunda safra com a demanda enfraquecida dificulta uma recuperação nos preços.
“Mesmo com o cenário de baixa liquidez, as cotações devem se manter firmes, especialmente devido à forte desvalorização do real frente ao dólar, o que aumenta o interesse pelo grão nacional e dificulta a entrada de produtos importados”, conclui.
Fonte: portaldoagronegocio