Um estudo exclusivo da consultoria Kearney, divulgado para a Agência AutoData, sugere que elevar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 50% pode resultar em uma redução de 15% nas emissões de gases de efeito estufa por quilômetro rodado. O estudo, que considera a frota atual de veículos flex, projeta um aumento de 104% no consumo de etanol, uma redução de 25% no uso de gasolina A e a geração de US$ 65 milhões em créditos de carbono.
Sérgio Eminente, sócio da Kearney e especialista no setor automotivo, comenta: “Essa seria uma alternativa viável e interessante, pois o Brasil já possui a capacidade instalada nas plantas para ampliar a produção de etanol anidro na quantidade necessária.” Ele também enfatiza que incentivos relevantes e convincentes do governo são cruciais para alcançar as metas de redução de CO2.
Apesar de 91% dos carros e 51% dos veículos comerciais licenciados no Brasil em 2022 serem flex, o etanol ainda representava apenas 13% do consumo de combustível no país. Eminente observa: “Mesmo nos veículos flex, a gasolina ainda é o combustível predominante, com 73% dos carros sendo abastecidos com gasolina.”
No entanto, Eminente aponta que a atual infraestrutura de transporte e armazenamento não está preparada para suportar o aumento do teor de etanol na gasolina, e 16% da frota circulante não é compatível com o combustível E50, o que representa um obstáculo adicional.
Outra alternativa sugerida por Eminente é aumentar o uso do etanol hidratado: um acréscimo de 22 pontos percentuais no etanol hidratado na frota de carros flex alcançaria a mesma redução de emissões que a troca da gasolina E27 para E50 em 100% dos veículos flex.
O estudo da Kearney faz parte de um esforço para contribuir com a meta de redução de 48% das emissões de gases de efeito estufa que o Brasil se comprometeu a alcançar até 2025. Embora a eletrificação seja a tendência global, a consultoria alerta que o mercado brasileiro ainda está aquém e precisa se adaptar para evitar a obsolescência da indústria local.
Fonte: portaldoagronegocio