Apesar de um volume recorde na safra de grãos em 2023, com 316,4 milhões de toneladas produzidas — um aumento de 19,6% em relação ao ano anterior —, o valor total da produção agrícola no Brasil caiu 2,3%, atingindo R$ 814,5 bilhões. A redução no valor é atribuída principalmente à queda nos preços de diversas commodities, como milho, café e algodão, mesmo com aumentos expressivos na área plantada e na produtividade de várias culturas.
A safra de 2023 consolidou-se como a maior da história do país, com soja, cana-de-açúcar, milho e algodão registrando volumes recordes. No entanto, o crescimento da produção não foi suficiente para evitar a retração do valor gerado, afetado por fatores como a autorregulação do mercado e a queda nos preços, conforme apontado por Winicius Wagner, supervisor da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada pelo IBGE.
Expansão da Área Plantada e Recuperação Climática
Em 2023, a área plantada no país atingiu 96,3 milhões de hectares, uma expansão de 5,5% em comparação com o ano anterior, com um acréscimo de quase 5 milhões de hectares. Esse aumento reflete a continuidade da expansão agrícola no Brasil, que há anos segue crescendo a uma média de 4% a 5% ao ano.
A distribuição mais equilibrada das chuvas durante o ciclo produtivo também foi determinante para o desempenho positivo da safra. A recuperação climática, após um ano de escassez hídrica em 2022, garantiu um aumento significativo da produtividade, principalmente nas culturas de grãos, como destacou Wagner.
Principais Culturas: Soja, Milho e Cana-de-Açúcar
A soja manteve-se como o carro-chefe da produção nacional, com uma safra recorde de 152,1 milhões de toneladas, um crescimento de 25,4% no volume colhido. Contudo, o valor da produção teve aumento modesto, de apenas 0,4%, reflexo da queda nos preços internacionais e da valorização cambial.
O milho também obteve recorde de produção, com 132 milhões de toneladas colhidas, uma alta de 20,2%. No entanto, o valor de produção do cereal sofreu forte retração de 26,2%, resultado do excesso de oferta e da pressão sobre os preços.
A cana-de-açúcar, por sua vez, teve crescimento de 7,8% na produção, totalizando 782,6 milhões de toneladas, enquanto o valor gerado aumentou 8,5%. A cultura do algodão registrou alta de 18,3% no volume colhido, atingindo 7,5 milhões de toneladas.
Mato Grosso Lidera, Mesmo com Queda no Valor da Produção
Mato Grosso continuou como o estado com maior valor de produção agrícola, concentrando 18,8% do total nacional, com R$ 153,5 bilhões. Apesar de liderar, o estado sofreu uma retração de 12,2% no valor gerado, principalmente devido à queda nos preços da soja e do milho, suas principais culturas.
O município de Sorriso (MT) destacou-se mais uma vez, sendo o maior produtor de grãos do país e responsável por 1% do valor total da produção agrícola brasileira. Além da soja e do milho, a produção de algodão e feijão também é significativa no município.
Frutas e Outras Culturas
No segmento de frutas, o valor de produção subiu 16,7%, gerando R$ 76,1 bilhões, com destaque para a laranja, banana e açaí. Outras culturas que registraram crescimento incluem amendoim, alho, melão e sorgo, enquanto a produção de arroz e trigo teve retração de 4,5% e 25,3%, respectivamente.
Com esse panorama, a safra de 2023 consolidou recordes históricos em volume de produção, mas a autorregulação do mercado e os preços em queda resultaram em uma redução no valor gerado pelas principais culturas agrícolas do país.
Fonte: portaldoagronegocio