Com ampla experiência na produção de biocombustíveis, em especial do etanol cujos primeiros programas de pesquisa e desenvolvimento datam da década de 70, o agronegócio foi apontado nesta sexta-feira (21/7) como um setor estratégico para a transição energética no Brasil. Durante painel temático apresentado ao longo do prêmio Fazenda Sustentável, em São Paulo, o doutor do Centro de Agronegócios Global do Insper, Leandro Gilio, destacou a evolução tecnológica dos últimos anos e o potencial na produção de energia limpa no país.
“Basicamente a gente já desenvolve o mercado de produção biocombustíveis desde a década de 70, temos um extenso potencial de produção agropecuária e com todo esse desenvolvimento a gente traz um nova onda com potencial de crescimento enorme via produção de biomassa”, lembrou Gilio ao mencionar, em especial, a produção de biogás e hidrogênio verde, considerado por ele o “próximo salto tecnológico” a ser realizado na área de energia limpa e renovável.
Gerado a partir da decomposição de matéria orgânica e a consequente geração de metano, o biogás é formado por moléculas de hidrogênio e carbono que, ao serem separadas, dão origem ao hidrogênio verde. A molécula tem alta eficiência energética gerando, na sua queima, água. “A gente não se mostra como líder, mas o Brasil tem um potencial que nenhum outro país tem de gerar bioenergia e sem competir com a produção alimentos, sem perdas – pelo contrário”, ressaltou a pesquisadora e mestre em engenharia química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Tamar Roitman.
Segundo dados apresentados pela pesquisadora, o setor de açúcar e etanol é o que apresenta maior potencial para a geração de biogás no país, podendo aumentar em 50% a sua produção de energia apenas com o aproveitamento dos resíduos do processamento da cana. O volume seria o suficiente para suprir 35% da demanda por energia elétrica do país ou substituir em até 70% o consumo nacional de diesel fóssil. “Nenhum outro país tem essa possibilidade de fazer esse crescimento e aumento tecnológico tão importante”, observou Tamar.
Fonte: portaldoagronegocio