Ela já ajuda o produtor “da porteira para dentro”, com monitoramento do clima, qualidade e previsibilidade da produção, controle de pragas, preparação do plantio e da colheita, entre uma série de outros benefícios. Mas ela também pode ajudar na negociação e venda do que foi produzido. Já existem novidades que contribuem para aumentar a produtividade, trazer mais segurança e maior rentabilidade nas vendas, auxiliar no acompanhamento e solução de conflitos nas entregas e administração financeira na retaguarda e pós-venda.
Estudo da consultoria 360 Research & Reports aponta que o mercado global de agricultura digital deve crescer em média 15,9% ao ano até 2026, quando atingirá o valor de US$ 8,33 bilhões (ou R$ 46,6 bilhões). Além disso, o uso de tecnologias no campo deve aumentar 186% no mundo até 2026. Para se ter uma ideia do potencial do mercado de agrotechs, outro levantamento realizado pela plataforma digital Distrito, aponta que apenas nos cinco primeiros meses deste ano, pequenas empresas voltadas para soluções para a agricultura e pecuária captaram R$ 54,7 milhões, mais da metade do valor conseguido ao longo de 2021.
A grande questão é que a adesão às novidades não acontece da mesma forma em todo o Brasil. Ela acontece com mais força entre os grandes produtores de commodities, como soja, nas regiões Sul e Centro-Oeste do país. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, apenas 23% das localidades agrícolas têm acesso a conexões de internet no Brasil, naturalmente com predomínio nas maiores propriedades.
Os pequenos e médios produtores rurais, que se dedicam principalmente à produção de alimentos, como frutas, legumes e verduras (FLV), podem se beneficiar – e muito – da adoção da tecnologia. Ela pode ajudá-los em vários aspectos: da produção à comercialização, passando por toda a administração do negócio. Assim como em todos os demais setores da economia, a inovação traz inúmeras vantagens para o campo como nunca visto antes. Quem ficar de fora, certamente terá muito mais dificuldades de manter e desenvolver seu negócio.
Os maiores entraves para a adoção pelos pequenos produtores de FLV são o acesso ao conhecimento, a quebra de paradigmas e a desconfiança diante do novo. Muitos têm dificuldade em acreditar quando algo de muito bom aparece, tendendo a manter uma certa desconfiança. Além disso, escolaridade, educação e informação são fatores importantes para a adoção de novidades no campo. Quanto maior a formação, maior a facilidade para entender e aderir a novos processos e sistemas, vendo os benefícios dessa adesão. Ainda há um espaço gigante para crescimento nesta enorme parcela de produtores no Brasil. E os produtores de FLV são extremamente interessados em conhecer as novidades para comercialização com mais segurança e maior rentabilidade. São pessoas que buscam ferramentas e caminhos para a prosperidade.
Vale observar ainda que diante dos problemas ambientais do nosso planeta, a inovação pode ser uma grande aliada. Ao proporcionar maior produtividade e gerar receitas com maior rentabilidade, ela viabiliza que o produtor tenha melhores condições financeiras, permitindo que ele aplique melhores práticas no cuidado da terra e no manejo da produção, inclusive adquirindo insumos agrícolas de melhor qualidade. Um cuidado maior com a propriedade e a colheita evita desperdícios de água e fertilizantes, permite ampliação das áreas de preservação da floresta nativa.
Por fim, a tecnologia beneficia todos os elos da cadeia. Com mais segurança, ampliação das áreas de produção e vendas mais rentáveis tanto para os produtores quanto para os atacadistas, os benefícios financeiros chegam até a ponta da linha: varejistas e consumidores. Ela viabiliza mais ações de promoções de preços junto aos estabelecimentos varejistas, principalmente em encartes e períodos de aniversários de redes. Mais segurança para que atacadistas administrem seus negócios com crescimento e aumento de variedade de produtos, maior oferta de produtos com mais qualidade a preços mais competitivos e com mais rentabilidade para os principais atores desta cadeia. Isto tudo sem mencionar a contratação direta de frete para transporte; maior rentabilidade ao caminhoneiro e a custos mais competitivos para vendedor e comprador.
Por Sérgio Tavares de Oliveira, fundador e CEO da Campolink
Fonte: portaldoagronegocio