A agricultura brasileira, com especial ênfase no setor da soja, está passando por uma significativa revolução tecnológica, conforme análise de Leandro Viegas, administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro. O Brasil, já consolidado como o maior produtor mundial do grão, tem adotado novas tecnologias que são essenciais para assegurar sua competitividade no mercado global, enquanto enfrenta os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela necessidade de sustentabilidade. A safra de soja 2024/25 ilustra como a inovação pode ser fundamental para lidar com esses desafios e maximizar oportunidades.
Uma das inovações mais notáveis é a agricultura de precisão, que permite aos produtores monitorar e gerenciar suas lavouras de maneira mais eficiente, por meio de tecnologias como drones, sensores de solo, satélites e softwares de análise de dados. Essas ferramentas oferecem informações detalhadas sobre as condições do solo, umidade, saúde das plantas e a presença de pragas e doenças.
Em Mato Grosso, onde a soja é a principal cultura, a agricultura de precisão tem contribuído para a otimização do uso de insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas. Em vez de aplicar esses produtos de maneira uniforme em toda a plantação, os produtores podem direcionar a intervenção para as áreas que realmente necessitam, resultando em economia de recursos e menor impacto ambiental. Essa abordagem precisa de manejo também favorece o aumento da produtividade, ao manter a saúde do solo e das plantas em níveis ideais.
O uso de drones tem crescido, especialmente para o monitoramento das lavouras. Esses dispositivos são capazes de mapear extensas áreas em minutos, fornecendo imagens detalhadas que ajudam os agricultores a tomar decisões informadas sobre irrigação, aplicação de insumos e o momento ideal para a colheita. Essa gestão mais eficiente resulta na redução de custos e aumento da produtividade, um avanço significativo para propriedades de grande extensão.
Outra inovação importante é o desenvolvimento de cultivares geneticamente modificadas e resistentes a condições adversas. As mudanças climáticas têm trazido desafios como secas prolongadas e chuvas irregulares, particularmente nas principais regiões produtoras, como Mato Grosso e MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Nesse contexto, a biotecnologia tem permitido o desenvolvimento de sementes mais resistentes à seca, pragas e doenças, o que é fundamental para garantir uma produção estável. Empresas especializadas e instituições de pesquisa, como a Embrapa, têm investido no melhoramento genético de cultivares de soja, permitindo que suportem longos períodos sem chuva e continuem a produzir de maneira eficiente.
Eficiência Hídrica e Sustentabilidade
Com as previsões climáticas indicando secas mais frequentes e prolongadas, a adoção de sistemas de irrigação inteligente se torna cada vez mais comum entre os produtores de soja. Tecnologias de gotejamento e pivôs centrais automatizados, controlados por sensores, possibilitam a distribuição eficiente e precisa da água, atendendo apenas as áreas que necessitam.
Essa gestão eficiente da água é crucial para assegurar a produtividade, especialmente no Centro-Oeste, onde a seca é um problema recorrente. Além disso, esses sistemas podem ser monitorados e controlados remotamente por meio de aplicativos, permitindo que os produtores façam ajustes em tempo real, economizando água e reduzindo custos operacionais. A tendência é que essa adoção aumente, especialmente com os recentes investimentos dos governos estaduais em projetos voltados para a irrigação.
A revolução tecnológica no setor agropecuário também está fortemente ligada à sustentabilidade. O uso de tecnologias que permitem a aplicação precisa de fertilizantes e defensivos agrícolas contribui para a redução do impacto ambiental, minimizando a contaminação do solo e dos recursos hídricos. Práticas como o plantio direto, que preserva a cobertura do solo com restos de culturas anteriores, têm sido amplamente adotadas com o intuito de conservar a umidade e prevenir a erosão. Essa técnica também favorece a retenção de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. O uso crescente de energia renovável nas operações agrícolas, como painéis solares para alimentar equipamentos e sistemas de irrigação, também está se tornando uma realidade no campo, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
A sustentabilidade não é apenas uma exigência ambiental, mas uma demanda do mercado internacional. Países importadores, como os da União Europeia, têm exigido que os produtos atendam a rigorosos padrões ambientais. A adoção de tecnologias que asseguram uma produção mais limpa e eficiente coloca o Brasil em uma posição favorável no mercado global de commodities.
Ao refletirmos sobre o futuro da produção de soja no Brasil, é evidente que ele está intimamente ligado ao avanço das tecnologias mencionadas. A integração de inteligência artificial, machine learning e big data na gestão das lavouras promete elevar a agricultura de precisão a um novo patamar, onde decisões serão baseadas em análises preditivas.
Além disso, a automação das colheitas está se tornando uma realidade, o que pode diminuir a dependência de mão de obra e aumentar a eficiência das operações. Esses avanços são cruciais para que o Brasil mantenha sua competitividade no cenário global, especialmente à medida que as demandas por alimentos e biocombustíveis continuam a crescer.
Fonte: portaldoagronegocio