Via @gzhdigital | O advogado Maurício Dal Agnol foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (5) em Passo Fundo, no norte do Estado. Ele foi detido em casa por volta de 8h pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Por volta das 10h, o advogado foi encaminhado ao Presídio Regional de Passo Fundo.
A prisão de Dal Agnol é um desdobramento da Operação Barba Negra, realizada em 21 de maio pelo Ministério Público na residência e escritório do advogado. De acordo com o promotor de Justiça Diego Pessi, responsável pelo pedido de prisão e pela operação, a medida teve como objetivo garantir a ordem pública e econômica, assegurar a conveniência da instrução criminal e garantir a aplicação da lei penal.
Na casa e em um prédio do advogado, quando foram cumpridos os mandados judiciais no mês passado, foram apreendidos em dinheiro cerca de R$ 4,7 milhões. A Operação Barba Negra apura a lavagem de R$ 40 milhões após apropriação indevida de valores de ações judiciais.
A investigação apurou a prática de lavagem de dinheiro de organização criminosa — com valores que ultrapassam R$ 40 milhões — após apropriação indébita de créditos relacionados a ação judiciais.
Na casa, foram apreendidos documentos, malotes com dinheiro em espécie e dois veículos, um Honda ZRV e um Honda CRV. Já no escritório, outros quatro veículos foram removidos — um KIA Sportage, um GM Celta, um GM Captiva e um Renault Megane — além de documentos e dinheiro.
Além de localizar provas, as ordens judiciais também efetivaram o bloqueio de bens dos investigados. Foi realizado o sequestro de 25 veículos, mais de 50 imóveis e ainda créditos financeiros, além de celulares, documentos, quatro armas e dinheiro.
Os valores em dinheiro foram levados a uma agência bancária do Banrisul, onde foram depositados em juízo. Segundo o MP, o montante foi contabilizado em R$ 4,7 milhões.
Dal Agnol cumpria pena em regime semiaberto, com tornozeleira eletrônica pelo crime de posse/porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
A defesa do advogado foi contatada, mas não retornou à reportagem.
Maurício Dal Agnol foi preso em casa, por volta das 8h.
Luiz Otávio Calderan / Agencia RBS
Relembre o caso
Em agosto de 2024, o advogado foi condenado a a 96 anos de prisão em regime fechado pelo crime de apropriação indébita. O tempo é resultado da soma das condenações de cada um dos 28 fatos criminais do processo.
Os crimes pelos quais Dal Agnol foi condenado ocorreram entre 2007 e 2012, envolvendo a captação de clientes da antiga operadora telefônica Brasil Telecom para propor ações contra a empresa. Diversas dessas pessoas ganharam seus processos, mas o advogado se apropriou de parte dos valores.
As ações eram julgadas procedentes, mas o valor recebido não era repassado aos clientes ou era pago em quantia muito menor do que a estipulada na ação.
O esquema operado por Dal Agnol foi revelado em 2014 pela Polícia Federal. A ação foi batizada de Operação Carmelina porque este era o nome de uma das vítimas do advogado, que teve cerca de R$ 100 mil desviados no golpe. Segundo a PF, ela morreu de câncer e poderia ter custeado um tratamento se tivesse recebido o valor da maneira adequada.
Desde 2015, Dal Agnol está impedido de exercer a profissão de advogado, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul. Ele responde aos processos em liberdade.
Rebecca Mistura
Fonte: @gzhdigital