A minissérie Adolescência confirmou seu impacto artístico e social ao conquistar seis estatuetas no Emmy em oito categorias disputadas na noite desse domingo (14).
A produção da Netflix, que conta com quatro episódios, foi descrita por críticos internacionais como “sublime e perturbadora” e, ao mesmo tempo, gerou intensas reações contrárias de grupos que se sentiram atingidos pelas críticas expostas na trama.
Temas que atravessam gerações
Cada capítulo da série mergulha em uma questão específica, sempre com foco nos dilemas e perigos enfrentados pela juventude contemporânea. Os episódios tratam de bullying, cultura Incel, misoginia, falta de preparo dos pais diante da internet, cegueira das autoridades em relação à dark web, crise da educação sob a influência das redes sociais e, sobretudo, a explosão da ira masculina potencializada pelo discurso de ódio que ecoa no presente, mas tem raízes em uma educação patriarcal.
A direção ousada optou por planos-sequência longos, que obrigam o espectador a refletir, em contraposição à lógica de consumo acelerado de vídeos curtos em plataformas como o TikTok. A proposta dividiu opiniões: enquanto parte do público elogiou a coragem narrativa, outros criticaram a “lentidão” da série.
Fake news e tentativas de desqualificação
O sucesso trouxe também ondas de ataques. Entre as fake news mais compartilhadas, circulou a falsa ideia de que a série teria “vilanizado o homem branco” ao se inspirar em um suposto caso real envolvendo um criminoso negro. A acusação foi desmentida pelo criador da obra, que afirmou ter se baseado em múltiplas referências incluindo sua própria história de vida e não em um episódio específico.
Críticos apontam que as reações negativas reforçam justamente os pontos centrais da produção: a resistência em lidar com problemas sociais complexos e a polarização extrema no debate público.
Reflexo da realidade
Segundo especialistas, a força da série está em expor questões incômodas sem recorrer a clichês fáceis, como a ideia de um pai violento ou a glamourização de armas. Ao contrário, Adolescência constrói personagens multifacetados, retratando um mundo em que jovens são moldados pela ausência de diálogo, pela força das redes sociais e pela ascensão de discursos extremistas.
Além da relevância social, Adolescência quebrou barreiras para o audiovisual ao superar grandes produções internacionais no Emmy.
Owen Cooper o protagonista se consagrou ao ser o ator mais jovem a vencer o Emmy.
Fonte: primeirapagina
