Abiio afirmou que a administração municipal apresentou à juíza responsável pelo caso uma proposta para realocar as famílias em condições de vulnerabilidade e uma área próxima ao Contorno Leste, com parcelamento de solo adequado.
“A prefeitura fez uma proposta de encontrar uma nova área, próxima de onde vocês estão, para fazer o parcelamento do solo e ajudar essas famílias em condições de vulnerabilidade, para que não fiquem sem local para morar. A gente está terminando o projeto e apresentando para a juíza. Assim que for aceito, vamos dividir os lotes e sugerir a realocação”, disse.
Segundo Brunini, o prazo para desocupação voluntária já começou a correr após acordo firmado em audiência. “O advogado de vocês aceitou um acordo junto com a juíza, foi dado um prazo de 60 dias para desocupação voluntária, e a prefeitura está pedindo para que ela analise essa nova área antes que vença o prazo, justamente para garantir tempo de realocação”, explicou.
O tom da manifestação mudou quando o prefeito acusou lideranças do movimento de esconderem informações da comunidade sobre a audiência judicial. Ele disse que a juíza preparou um espaço para todos, mas apenas sete pessoas compareceram.
Ao comentar a ausência, Brunini ironizou sobre o horário e o dia escolhidos para o protesto, questionando se os moradores não deveriam estar trabalhando.
“A juíza marcou a reunião para todo mundo ir lá, foi sete pessoas. A verdade é que os líderes de vocês estão mentindo para vocês. Agora vocês estão aqui numa segunda-feira, às 10h50 da manhã. Ninguém trabalha não? Vieram aqui protestar, mas não foram participar da audiência que realmente decide”, disse.
Durante o embate, uma moradora chorou ao dizer que não tem para onde ir e mencionou reuniões anteriores em que, segundo ela, o prefeito teria afirmado que lutaria pela permanência das famílias. “Nós não temos para onde ir. O senhor disse que ia ajudar o povo e dar o título para quem está ali. Por que hoje está acontecendo tudo isso?”.
Brunini respondeu defendendo sua conduta e afirmou que jamais prometeu manter todos no local. “Eu disse que ia lutar para não deixar vocês sem moradia, não que iam ficar ali. Eu não menti, não fui lá em período eleitoral. O que eu disse, e continuo dizendo, é que vou lutar para que ninguém fique sem casa. Agora, a decisão é da Justiça, é com a juíza”.
Ainda durante a conversa, o prefeito disse que o movimento teria sido inflado por interesses políticos. “Ano que vem tem eleição, eles estão mentindo para vocês, estão usando vocês para se promover. Eu não vou ser influenciado por militante de partido político”, afirmou, citando, sem nomes completos, deputados e senadores cujo apoio, segundo ele, não se traduziu em recursos ou ações concretas.
Brunini também sugeriu que há pessoas que frequentam a área apenas em dias de visita ou para tentar tirar proveito da situação e ganhar casa, mesmo já tendo moradia em outro local. “A gente já fez vídeo monitoramento… a gente sabe quem realmente mora lá e quem tá indo lá para tentar ganhar terra”, disse.
O gestor reiterou que a área é privada e que há decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinando a desocupação.
Ele reforçou que, caso a juíza aceite a área proposta pela prefeitura, haverá um processo de transição coordenado por um comitê de governança. A ideia é organizar a distribuição dos lotes e a realocação das famílias de forma gradativa e acompanhada pelas assistências sociais.
Os moradores, por sua vez, afirmaram que vão continuar mobilizados para pressionar por garantia de moradia e mais detalhes sobre como será feita a relocalização. Permanecem dúvidas sobre o número real de famílias vulneráveis, o cronograma da prefeitura e a segurança jurídica da proposta apresentada.
Fonte: Olhar Direto