O advogado Ricardo Peake Braga afirmou que a democracia no Brasil âjĂĄ morreuâ e que jĂĄ vivemos um âverdadeiro estado de exceçãoâ. As declaraçÔes foram dadas nesta quinta-feira, 18, em entrevista ao programa .
âEstamos jĂĄ, hĂĄ alguns anos, em um verdadeiro estado de exceção no Brasilâ, afirmou Ricardo Peake, que Ă© autor do livro Juristocracia e o Fim da Democracia. âExiste o dia a dia comum, das questĂ”es que nĂŁo tĂȘm importĂąncia polĂtica. Mas as questĂ”es que envolvem algum tipo de natureza polĂtica, o Supremo Tribunal Federal adotou poderes ilimitados com o inquĂ©rito do fim do mundo.â
Ricardo Peake disse que o inquĂ©rito das fake news, mais conhecido como inquĂ©rito do fim do mundo, deu âplenos poderesâ ao (STF) âpara fazer o que bem entenderâ.
âSeja em relação Ă liberdade de expressĂŁo, que Ă© um direito fundamental, clĂĄusula pĂ©trea da Constituição, seja a prĂłpria liberdade das pessoasâ, destacou. âHĂĄ muitas pessoas presas com base nesse inquĂ©rito, que Ă© claramente inconstitucional. HĂĄ pessoas que jĂĄ fugiram do paĂs, exiladas.â
O advogado salientou que, embora ânunca tivĂ©ssemos lĂĄ uma grande democraciaâ, no ponto de vista de representatividade e do sistema partidĂĄrio, anteriormente havia, sim, âalguma coisa prĂłxima de uma boa democracia e de um estado de direito em que a lei era respeitadaâ.
Ricardo Peake Braga afirmou que o Congresso Nacional precisa agir diante das açÔes do STF. Declarou que o fenĂŽmeno da juristocracia estĂĄ acontecendo no paĂs. âO movimento se caracteriza pelo excesso de poderes nas supremas cortes.â
âComo as constituiçÔes sĂŁo amplamente abrangentes, seja porque sĂŁo redigidas de uma maneira muito genĂ©rica, abrangem todos os tipos de questĂ”esâ, disse. âCom isso, as supremas cortes tĂȘm o poder de interpretar e dizer o que Ă© a Constituição e o que Ă© constitucional ou nĂŁo.â
O especialista ressaltou que o fenĂŽmeno acarreta no âacĂșmulo de poder na prĂłpria suprema corte. E de tal maneira que os outros poderes ficam muito diminuĂdos frente ao poder que as supremas cortes tĂȘm de dar a Ășltima palavra.â
âJĂĄ que o Supremo e o TSE adotam medidas muitas vezes nĂŁo previstas, o Congresso precisa fazer valer sua prerrogativa de ser o legislador e buscar instrumentos para que isso seja combatidoâ, declarou Ricardo Peake.
O advogado Ricardo Peake afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base em âum suposto poder que teria de regular informaçÔes falsas durante os procedimentos eleitorais e perĂodo prĂ©-eleitoralâ tem se utilizado do poder para agir como um âverdadeiro censorâ.Â
âEsse poder extrapola muito o perĂodo prĂ©-eleitoralâ, declarou. âVem sendo utilizado como, realmente, uma censura. Uma agĂȘncia de censura. Ele nĂŁo teria poder para fazer isso.â
Mais uma vez, o advogado disse que cabe ao Congresso Nacional agir diante do poder de âcensuraâ utilizado pelo Tribunal Eleitoral. âPoderia, sim, atravĂ©s de decreto legislativo, buscar eliminar essa anomalia que o TSE vem executando e implementando com essas agĂȘncias de controle de informação. Nada disso tem previsĂŁo constitucionalâ, afirmou.Â
âVocĂȘ banir o perfil inteiro implica na prĂĄtica de censura prĂ©via, porque nĂŁo estĂĄ excluindo nĂŁo sĂł um conteĂșdo supostamente ilegal que tenha sido publicado, mas jĂĄ estĂĄ cerceando todas as publicaçÔes futuras do perfil. EntĂŁo, me parece claramente que isso nĂŁo seria constitucionalmente possĂvel no Brasilâ, explicou.Â
Assista Ă entrevista completa de Ricardo Peake Braga ao , no da Revista . O programa Ă© transmitido ao vivo, de segunda-feira a sexta-feira, a partir das 17h45.
Fonte: revistaoeste