Durante a Conferência de Segurança de Munique, nesta sexta-feira, 14, o vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, alertou para o que considera ser a maior ameaça à Europa: a erosão dos valores democráticos e as políticas de fronteiras abertas.
Ele enfatizou que os desafios enfrentados pelo continente não vêm de forças externas, mas sim das próprias decisões políticas adotadas pelos governos europeus. “O que me preocupa mais em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é qualquer outro ator externo”, declarou Vance. “O que me preocupa é a ameaça interna.”
O vice-presidente se mostrou preocupado com a postura de alguns líderes europeus que, segundo ele, têm minado os valores fundamentais do Ocidente. Ele citou o exemplo de um ex-comissário europeu que teria comemorou quando o governo romeno anulou as últimas eleições.
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“Essas declarações são chocantes para os ouvidos norte-americanos”, afirmou Vance, que destacou que os Estados Unidos sempre foram ensinados a acreditar que o apoio à Europa se baseava na defesa da democracia. No entanto, para ele, esse princípio está comprometido.
“Quando vemos tribunais europeus cancelando eleições e altos funcionários ameaçando cancelar outras, devemos questionar se estamos realmente sustentando os padrões democráticos que dizemos defender”, pontuou, em certo tom de ameaça.
Críticas à restrição à liberdade de expressão
Outro ponto criticado por Vance foi a repressão à liberdade de expressão em países europeus. Como exemplo, ele citou a tentativa da Comissão Europeia de controlar conteúdos nas redes sociais e a criminalização de discursos considerados ofensivos.
“Olho para Bruxelas, onde os comissários da União Europeia alertaram que pretendem fechar redes sociais durante períodos de agitação civil, assim que identificarem o que consideram ser ‘conteúdo de ódio’”, disse o vice-presidente.
Vance mencionou ainda o caso de um fisioterapeuta britânico que foi preso por orar silenciosamente perto de uma clínica de aborto. “Ele estava a 50 metros de uma clínica, orando em silêncio por três minutos, pelo filho que havia perdido em um aborto anos antes”, lembrou. Para ele, episódios como esse mostram que “a liberdade de expressão está em declínio”
O vice-presidente norte-americano também criticou o tratamento dado a manifestações religiosas e denunciou que nações europeias restringem direitos fundamentais em nome de uma suposta segurança pública. “Se há algo que aprendemos com a Guerra Fria, é que aqueles que censuram dissidentes, fecham igrejas e anulam eleições não são os heróis da história”, argumentou.
Vance contra a política migratória
A imigração foi outro tema central do discurso de Vance. Ele afirmou que a crise migratória que assola a Europa não é um fenômeno espontâneo, mas sim o resultado de decisões políticas equivocadas.
“Quase um em cada cinco habitantes deste país [a Alemanha, onde palestrou] veio do exterior, esse é um número recorde”, ressaltou. “Nos Estados Unidos, a situação é semelhante, também em um patamar histórico.”
Para ele, as políticas de fronteiras abertas adotadas por muitos países europeus têm gerado instabilidade social e riscos para a segurança pública. Ele citou um nesta quinta-feira, 13, atribuído a um imigrante em situação irregular, como um exemplo das falhas no sistema.
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“Vemos essa história se repetir inúmeras vezes: um requerente de asilo, muitas vezes um jovem de vinte e poucos anos, já conhecido pela polícia, atropela uma multidão e destrói uma comunidade”, lamentou.
O vice-presidente reforçou que a população europeia manifestou sua insatisfação nas urnas. “Ninguém foi às urnas votar para abrir as portas para milhões de imigrantes sem controle, mas eles votaram pelo “, disse. “Em vários países da Europa, estão elegendo líderes que prometem restaurar o controle das fronteiras.”
Uma nova abordagem para a Europa
Ao final de seu discurso, o vice-presidente defendeu que os países europeus devem se reconectar com suas bases democráticas e ouvir mais a voz da população. “Se vocês estão fugindo dos seus próprios eleitores, não há nada que os Estados Unidos possam fazer por vocês”, afirmou.
Ele alertou que a governabilidade democrática exige mandatos sólidos e não pode depender de repressão política. “Se há algo que aprendemos ao longo da história, é que censurar opositores ou prendê-los não fortalece a democracia”, acrescentou. “Pelo contrário, é o caminho mais rápido para destruí-la.”
Vance ressaltou que os governos precisam respeitar as preocupações de seus cidadãos e evitar que burocratas não eleitos determinem o futuro da sociedade. “Os cidadãos dos nossos países não se veem como meras engrenagens de uma economia global”, enfatizou. “Eles querem segurança, querem prosperidade e querem ser ouvidos.”
Fonte: revistaoeste