O Universo Cinematográfico Marvel elevou as produções de super-heróis a um novo nível, com blockbusters lucrativos que levam multidões de pessoas aos cinemas. Com isso, muitos filmes anteriores da Marvel acabaram sendo esquecidos ou subestimados. Um desses casos é Hulk (2003), de Ang Lee (As Aventuras de Pi), que merece uma reavaliação.
Em Hulk de 2003, Bruce Banner (Eric Bana) é um cientista que teve problemas em sua infância: ele foi adotado e passou por uma experiência traumática após a morte de seus pais, a qual não lembra. Juntamente com ele trabalha Betty Ross (Jennifer Connelly), sua grande paixão. Ambos trabalham em um projeto que envolve a reconstituição de tecidos através da radiação gama, um projeto o qual o Exército está bastante interessado.
Ao consertar o gammasphere, aparelho usado para aplicar a radiação gama em animais, um dos cientistas do projeto o aciona acidentalmente. Na tentativa de salvar o amigo, Banner se atira contra o gammasphere e absorve a radiação gama. Inexplicavelmente, o acidente não o mata, fazendo com que permaneça durante algum tempo no hospital sob observação. É quando a reaparição de seu pai biológico, o qual considerava morto, revela segredos sobre o passado de Bruce Banner o qual nem ele mesmo conhecia, enquanto precisa lidar com estranhas modificações em seu corpo quando fica com raiva.
Por que Hulk de Ang Lee da Marvel estava à frente de seu tempo?
O principal motivo pelo qual Hulk merece uma reavaliação hoje é sua abordagem de uma temática que hoje ocupa quase todos as produções de super-heróis: lidar com traumas – tema que é recorrente no MCU atual, por exemplo com Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) causando estragos depois de perder o Visão (Paul Bettany) e Shuri (Letitia Wright) leva seu povo à guerra em Pantera Negra 2 sem conseguir superar a morte de seu ente querido.
Desde a infância, Bruce Banner foi assombrado por um evento semelhante que perfura Ang Lee na consciência do filme como os estilhaços de uma imagem quebrada. Está lá e em toda parte, mas Bruce e nós levamos um bom tempo para vê-lo em sua terrível plenitude. Quando a fúria verde de Banner finalmente irrompe, Lee a encena como uma libertação e uma maldição. Toda a dor alimentada pelas memórias reprimidas de Bruce aparece – mas, ao fazer isso, ele se assemelha ao pai ao assumir a responsabilidade por essa dor.
É uma exploração fascinante da psique do super-herói que nenhum outro filme do gênero ofereceu dessa forma na época e, hoje em dia, é amplamente explorado em filmes e séries.
Hulk (2003) está disponível no catálogo da Netflix e do Lionsgate+.
Fonte: adorocinema.com