A lagarta Spodoptera frugiperda está presente em todo o Brasil. A espécie tem vários hospedeiros alternativos e isso facilita sua manutenção durante todo o ano e em diversas culturas. Ao longo do tempo, foi possível notar o aumento da incidência dessa praga, principalmente nas lavouras de soja e algodão.
Para falar desse assunto, com informações de recentes estudos e orientações, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) realiza no próximo dia 6 de dezembro, a partir das 20h (horário de Brasília), uma live gratuita com especialistas.
Intitulado “Desafios para o manejo de lagartas: Spodoptera frugiperda no sistema soja-milho e soja-algodão”, o debate terá participação da doutora e pesquisadora de entomologia da Fundação MT Lucia Vivan, o Business Líder Brasil e Argentina da Provivi, Alexandre Develey e o professor da Universidade Federal de Viçosa, Eliseu José Guedes Pereira. As inscrições não têm custo e podem ser feitas aqui.
Cenário preocupante
Segundo Lucia Vivan, o cenário tem se agravado ao longa das safras, principalmente porque na soja as proteínas Bt não têm efeito de controle para Spodoptera frugiperda e “também para as cultivares de algodão WS e Bt2 se observa escape, onde são necessárias pulverizações, principalmente a partir do período reprodutivo”.
Devido a esse comportamento, ocorrem danos diretos às plantas de soja e, como consequência, a diminuição de rendimento pela perda de vagens nos estádios R3 a R5. Além disso, tem se observado que os mais intensos surtos da praga nessa cultura, geralmente, estão associados aos períodos ou anos mais secos e/ou cultivos em épocas de menor precipitação.
Já para o algodoeiro, a pesquisadora de entomologia ressalta que os danos em flores e maçãs também impactam na produção, provocados pelas perdas de estruturas. Nesse caso, as lagartas atacam as plantas a partir do estádio de floração e, normalmente, têm o hábito de ficar no interior das flores e maçãs.
Outro dado importante é que o sistema soja-milho pode trazer mais problemas com a manutenção dessa população de lagarta. Conforme a pesquisadora, isso ocorre porque o milho é o principal hospedeiro dessa espécie. Essa cultura está à mercê da praga em todas as fases de desenvolvimento devido a destruição do cartucho, com a redução de área fotossintética e podem atacar também as espigas, gerando comprometimento da produtividade.
Situação em Mato Grosso e orientações
Em Mato Grosso essa espécie é observada em áreas de coberturas como braquiária, milheto, sorgo e outras, além da soja, próximo à emergência das plantas, quando seu hábito, conforme explica Lucia, é semelhante ao da lagarta rosca, cortando as plantas recém-emergidas.
“No entanto, ainda ao longo do desenvolvimento da cultura pode causar danos nas estruturas reprodutivas” reforça a entomologista.
Unânime entre os especialistas, na soja é fundamental fazer o monitoramento desde a implantação, pois em áreas com tigueras (plantas involuntárias) de milho ou coberturas com gramíneas, essas lagartas podem estar presentes e atacar as plantas já no início do desenvolvimento.
“O uso de produtos biológicos tem sido uma opção de controle para a Spodoptera frugiperda na soja, algodão e milho, e a integração de vírus e controle químico tem apresentado bom resultado e um maior tempo de proteção às plantas”, destaca a pesquisadora da Fundação MT.
Redução do acasalamento das lagartas
Outra ferramenta para manejo dessa espécie é a manipulação da população de insetos, através do comportamento. Uma das pesquisas desenvolvidas é com feromônio sexual, com objetivo de ocasionar confusão sexual, o confundimento de machos, que é possível com a aplicação de uma quantidade maior de feromônio sintético na área. “Isso impedirá os machos de localizarem a fêmea, reduzindo o acasalamento e, consequentemente, uma nova geração”, pontua Lucia.
O hábito noturno da praga deve ser levado em consideração. Assim, recomenda-se realizar pulverizações à noite, pois é nesta hora que a lagarta sai para se alimentar e fica exposta aos produtos fitossanitários.
Fonte: canalrural