O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está aberto a negociação de um possível acordo de paz sobre a guerra na Ucrânia e acredita em uma solução diplomática, disse o Kremlin nesta sexta-feira, 2. O aceno ocorre um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sugeriu que estava preparado para voltar a falar com o líder russo.
Biden, em discurso ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, que visitou a Casa Branca para um jantar de Estado, declarou que a única maneira de acabar com a guerra na Ucrânia seria Putin retirar seus soldados do país invadido. Se Putin quiser acabar com o conflito, disse o líder americano, então ele estaria preparado para falar com o chefe do Kremlin.
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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, adotou um tom pacifista quando questionado sobre os comentários de Biden, dizendo que Putin continua aberto a negociações, mas que a Rússia não vai bater em retirada da Ucrânia.
“O presidente da Federação Russa sempre foi, é e continua aberto a negociações para garantir nossos interesses”, disse Peskov em coletiva de imprensa.
Putin disse que não se arrepende de iniciar o que chama de “operação militar especial” na Ucrânia. De acordo com sua narrativa, o começo da guerra marca o momento em que a Rússia finalmente enfrentou a hegemonia ocidental, após décadas de humilhação, desde a queda da União Soviética, em 1991.
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Já a Ucrânia e o Ocidente classificam o conflito como uma guerra de ocupação no estilo imperial – e sem justificativa. Kiev diz que vai lutar até que o último soldado russo seja expulso de seu território.
A Rússia reivindicou como seu cerca de um quinto do território pós-soviético da Ucrânia, anexações que o Ocidente e a Ucrânia dizem que nunca aceitarão. Peskov alegou que a recusa dos Estados Unidos em reconhecer “os novos territórios” como russos estava dificultando a busca de qualquer acordo potencial.
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De acordo com o Kremlin, atrelar qualquer negociação de paz à retirada russa da Ucrânia, como fez Biden, só gera um entrave e prolonga o conflito. Peskov disse que a Rússia não poderia aceitar isso – e a operação militar continuaria caso seus termos não fossem considerados.
“Ao mesmo tempo, o presidente Putin esteve, está e permanece aberto para contatos, negociações. Claro, a maneira mais preferível de alcançar nossos interesses é por meios pacíficos e diplomáticos”, afirmou.
O conflito já deixou milhares de soldados mortos em ambos os lados. A guerra na Ucrânia representa o maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.
Fonte: Veja