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Romancing SaGa – Minstrel Song – Remastered (2022) vale a pena? Análise – Review

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Desde que a Square iniciou a série SaGa (na época em que ela ainda não estava unida com a Enix), ela foi palco de diversos experimentos que nunca seriam possíveis em Final Fantasy, sua principal franquia. E isso não é diferente em Romancing Saga -Minstrel Song-, jogo lançado originalmente para PlayStation 2 que em 2022 ganha uma remasterização e chega às principais plataformas do mercado.

No entanto, parece que aqui a empresa decidiu ser tão diferente do convencional que acabou se perdendo. Para começar, o game não tem o que podemos chamar de uma “história” convencional. Tudo o que sabemos é que, em um passado distante, três grandes demônios ameaçavam o mundo e foram derrotados — no entanto, um deles sobreviveu e trabalha novamente para destruir tudo o que existe.

Jogando, você não diria isso, especialmente porque esse pano de fundo é praticamente irrelevante para a trama em geral. Após escolher um dos diversos personagens disponíveis (cada um com suas origens e habilidades básicas), você é jogado em um ponto do cenário e tem que tentar descobrir o que fazer falando com os habitantes locais e abrindo uma série de missões com pouca relação entre si.

 

Tudo isso é muito confuso justamente pelo fato de que o game não explica qual é seu propósito, tampouco faz o jogador entender que seu foco está mais no gameplay do que em contar uma trama envolvente. Da mesma forma, o RPG está pouco preocupado em explicar as pequenas missões que o jogador vai recebendo, tampouco em esclarecer quais as condições para cumpri-las.

É tudo bem confuso, e confesso que só comecei a entender alguns conceitos básicos lendo os antigos (e muito úteis) guias do GameFAQs — vantagem de o jogo ser uma versão atualizada de um título do PlayStation 2. No entanto, é um ponto negativo que a Square Enix não tenha usado a remasterização como uma forma de minimizar essa característica bizarra do game.

Romancing Saga -Minstrel Song- é um game sobre sistemas

Reprodução: Square Enix

Enquanto na parte de história Romancing Saga -Minstrel Song- não é muito desenvolvido, o mesmo não pode ser dito de seus sistemas de gameplay. Enquanto o jogo é um RPG por turnos, tal qual Final Fantasy ou Dragon Quest, seu esquema de batalhas é muito diferente e traz até mesmo elementos de Fire Emblem (como equipamentos com durabilidade).

Para começar, não há aqui um sistema de níveis tradicional: quanto mais você luta, recebe danos ou usa determinados tipos de armas, mais habilidosos seus personagens se tornam nelas. Da mesma forma, os equipamentos disponíveis no começo devem ser tratados como uma mera “referência de opções”: qualquer classe pode equipar qualquer tipo de arma e se tornar boa nela com a devida prática.

As batalhas em si também são bem diferentes do comum, fazendo do HP de seus personagens o elemento menos importante — ao fim de todos os conflitos, ele é recarregado automaticamente. O importante é ficar atento à durabilidade das armas (recuperada descansando em tavernas ou em lojistas especializados) e aos pontos de vida dos personagens, que diminui toda vez que eles caem durante a batalha, você foge de uma luta ou usa habilidades específicas.

Reprodução: Square Enix

Esse elemento pode diminuir brutalmente rápido se um personagem caído em batalha é atingido e, sem ele, um membro de seu grupo vai decidir ir embora para nunca mais voltar. E isso acontece com mais frequência do que você poderia imaginar: Romancing Saga -Minstrel Song- é um game com uma dificuldade que pode ser brutal, especialmente em seus momentos iniciais.

Com o personagem que escolhi, uma das minhas primeiras missões foi explorar uma caverna repleta de dinossauros em busca de baús e ovos. Enquanto as criaturas na área em geral eram fáceis de vencer, qualquer confronto com os monstros gigantescos era certeza de uma derrota imediata — felizmente, eles são visíveis no mapa e fugir deles era relativamente fácil.

No entanto, algo que o jogo não conta (e tive que descobrir nos manuais do GameFAQs) é que nem sempre é vantajoso batalhar demais — o famoso grind — para tentar ficar mais poderoso. Além de os inimigos acompanharem rapidamente o aumento de habilidades de seus personagens, a quantidade de batalhas realizadas também determina a disponibilidade de missões futuras.

Reprodução: Square Enix

Como o game não explica isso, é muito fácil passar por Romancing Saga -Minstrel Song- inteiro sem saber que muitas missões foram perdidas ou sequer apareceram. Isso tira a possibilidade de ganhar recursos essenciais para avançar no game, como as moedas de ouros usadas para adquirir equipamentos e novas habilidades, ou as joias que garantem o crescimento dos personagens.

Complexidade não depõe a favor do game

Apesar de os sistemas do jogo serem bastante complexos a princípio, eles são relativamente fáceis de entender assim que você entende o conceito básico do que é preciso fazer. No entanto, muitas vezes isso pode acontecer somente depois que você passou horas batendo cabeça e investindo nos upgrades errados, o que pode ser bastante frustrante.

Infelizmente, toda essa profundidade soa vazia quando você percebe que o jogo não é claro sobre o que você tem que fazer, tampouco dá profundidade às missões disponíveis. A princípio é até interessante tentar descobrir a história de uma espada mágica falante, ou descobrir qual o segredo escondido nas cavernas dos dinossauros.

Reprodução: Square Enix

Porém, quando fica claro que muitas dessas histórias não tem nenhuma ligação entre si ou recompensa narrativa, o jogo começa a soar vazio. Para piorar, os fiapos de história existentes são divididos entre o elenco do RPG — a missão de cada um dura aproximadamente 20 horas, e o tempo total somado entre eles simplesmente não vale o investimento.

A Square Enix até tentou melhorar um pouco as coisas, adicionando uma série de conteúdos e missões adicionais ao game (que podem ser desligados ao iniciar uma aventura). Infelizmente, eles não elevam o nível de qualidade do que é oferecido, e é tudo tão sem direcionamento que a liberdade de exploração oferecida acaba perdendo qualquer impacto e só parece fruto de uma ideia mal executada.

Para completar, não ajuda muito o fato de que, mesmo no PlayStation 2, Romancing Saga -Minstrel Song- já era um jogo feio. Mesmo com texturas em alta resolução e desempenho aprimorado, o game continua oferecendo uma mistura bizarra de personagens no estilo chibi (com cabeções desproporcionais ao corpo) e inimigos que realmente mostram a idade de seus modelos.

Reprodução: Square Enix

De certa forma, o que salva um pouco o RPG nesse sentido é o design de inimigos, que muitas vezes é inventivo e, felizmente, não é representativo dos modelos que rondam os mapas. No entanto, eles não são suficientes para esconder o fato de que o jogo provavelmente não recebeu muito orçamento em sua época (algo curioso, visto que ele já se tratava de um remake de um capítulo da série para o Super Nintendo).

Mas e aí, Romancing Saga -Minstrel Song- vale a pena?

Reprodução: Square Enix

Sendo bem sincero e direto: não. Caso você seja o tipo de jogador para o qual um RPG vale mais por suas mecânicas do que pela história, há algo a gostar no título da Square Enix. No entanto, se para você a falta de qualquer direcionamento e missões pouco recompensadoras são algo frustrante, o melhor a fazer é passar longe do título.

O único grande acerto da Square Enix com o game foi reconhecer que ele é uma produção de baixo orçamento e cobrar um preço justo por ele no Steam (R$ 109,90) e no Nintendo Switch (R$ 133,90) — o preço da PSN não está disponível no momento em que este review é escrito. No entanto, dado as ofertas de fim de ano e os próprios lançamentos recentes da companhia, há RPGs com qualidade muito maior que podem ser adquiridos por esses valores.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela Square Enix

Resumo para os preguiçosos

Romancing Saga -Minstrel Song- é um game com ideias ousadas e um estilo de narrativa muito fora do normal. No entanto, a falta de direcionamento e o foco intenso em mecânicas de gameplay fazem com que o game seja complexo, mas não exatamente profundo. Com um design frustrante e uma história quase inexistente, o jogo não passa da mediocridade, nem se destaca em meio ao universo atual dos RPGs japoneses.

Nota final

50
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Sistemas de batalha interessantes

     

  • Design de inimigos variado

Contras

  • Falta de direcionamento

     

  • História praticamente inexistente

     

  • Gráficos antiquados que não são ajudados pela remasterização

Fonte: terra.com.br/gameon

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