Cenário Agro

Sorgo: Cultura Estratégica em Ascensão no Maranhão e Oeste da Bahia

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A expansão da cultura do sorgo granífero no Brasil é uma característica agronômica e econômica robusta, diretamente ligada à otimização na rotação de culturas e à demanda industrial. Para falar sobre esse assunto, transmitir informações técnicas e as oportunidades do mercado de bioetanol para os produtores, técnicos e atores do setor agropecuário das regiões do Oeste da Bahia e de Balsas, no Maranhão, foram realizados dois eventos pela Embrapa e a empresa Inpasa Brasil.

O “Simpósio do Sorgo”, feito em parceria com o Círculo Verde em Luís Eduardo Magalhães, foi dia 2 de dezembro, reuniu profissionais do agronegócio da região Oeste da Bahia, no Clube Rio das Pedras. E no dia 4 de dezembro, em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas (Sindibalsas), foi produzido o “Seminário da Cultura do Sorgo – a escolha certa para sua safrinha”, na sede do sindicato.

As iniciativas integraram ações do acordo de cooperação técnica da Embrapa e da Inpasa no projeto “Transferência de tecnologia para o desenvolvimento sustentável da produção de sorgo nas regiões de Balsas/MA e Sidrolândia/MS, envolve a produção de etanol e seus coprodutos. O trabalho é coordenado pelo engenheiro agrônomo Frederico Botelho, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo.

Nos últimos anos houve uma rápida expansão da cultura do sorgo. De acordo com os dados da Conab, na última década (2015/16 a 2024/25), relatados por Botelho, houve um incremento de mais de 400% na produção nacional.

“O sorgo está sendo impulsionado por ser uma cultura com características complementares às atuais culturas agrícolas utilizadas nos sistemas de produção brasileira, principalmente por sua resiliência e adequação às demandas crescentes por culturas estratégicas frente a um cenário de mudanças climáticas e necessidade de diversificação da matriz energética”, explicou Botelho.

“Além disso, a demanda por etanol de cereais elevou o sorgo de cultura secundário a matéria-prima estratégica. Usinas localizadas no Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Maranhão e outros, vem fomentando o cultivo e a compra do grão para a produtividade industrial”, completou Botelho.

O gerente comercial da Inpasa, Irineu Piaia Junior, na palestra “Mercado de etanol e programa Inpasa de originação e compra” falou sobre a atuação da Inpasa e destacou a importância da produção de sorgo na segunda safra nas regiões de Balsas-MA e de Luís Eduardo Magalhães-BA.

“A atuação da Inpasa junto com muitos consumidores no consumo do sorgo, corrobora com a tomada de decisões técnicas para dentro da porteira e com isso o produtor consegue encaixar a cultura no melhor cenário. O simpósio de sorgo traz debates técnicos fundamentais para o crescimento sustentável da cultura”, disse Piaia.

O sócio proprietário da empresa Círculo Verde, Celito Breda, comentou sobre a produção do sorgo e os compromissos de sua empresa para construir de forma bem embasada uma cultura que mostre altíssimo potencial de produtividade e de crescimento de área. “Há demanda pelo grão de sorgo, há demanda por incorporação de carbono no solo, há demanda por uma formação de palhada em uma segunda safra. Tudo isso nos leva a crer que precisamos de mais gramínea na matriz produtiva, e uma gramínea que possa agregar rentabilidade, lucratividade, contribuindo para o custo fixo da fazenda. O sorgo se encaixa muito bem nisso. Estamos com média de produção em torno de 85 sacas por hectare na segunda safra, porque nós investimos e plantamos em áreas muito bem férteis”, disse Breda.

“Daqui há cinco anos as fazendas produzem 140 sacas de sorgo por hectare. Para os pivôs plantados em fevereiro, a perspectiva é de 200 sacas por hectare, daqui há 3, 4 ou 5 anos. Só conseguimos atingir esse objetivo por estarmos juntos com pesquisadores de renome, como os da Embrapa”, expressou Breda.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas, SindBalsas, Airto Zamignan comentou sobre o desenvolvimento tecnológico e o crescimento significativo da Região Centro Oeste do Brasil nos últimos 45 anos. “A tecnologia é um elo importante da cadeia do agronegócio”, disse.

Região Oeste da Bahia

A Região Oeste da Bahia abrange 31 municípios, em 14,5 milhões de hectares. Desse total, 2,9 milhões de hectares envolveram áreas agrícolas produtivas, com área irrigada de 375 mil hectares. A produção de grãos para a safra 2025/26 está prevista em hectares para 2.218 milhões de soja, 403 mil de algodão, 195 mil de milho e 200 mil de sorgo, conforme base de dados da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).

A palestra magna do Simpósio do Sorgo, em Luís Eduardo Magalhões, foi proferida por Luiz Antônio Pradella, diretor vice-presidente da Cooperativa de Produtores Rurais (Cooperfarms) e da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto . Pradella destacou os aspectos agronômicos do sorgo e como essa cultura contribui para a diversificação do sistema de produção, principalmente na segunda safra, em períodos de restrição hídrica.

“O Consórcio com sorgo é uma alternativa para intensificar a forma sustentável do sistema, produzindo grãos e forragem em duplo propósito, que pode melhorar a qualidade do sistema de plantio direto e os cultivos de sucessão”, disse Pradella.

Além disso, ele apontou que o sorgo está inserido em novas oportunidades no mercado de biocombustíveis, para a produção de óleos vegetais, de etanol, de biomassa para energia renovável e de DDGS ( Dried Distillers Grains with Solubles, que significa Grãos Secos de Destilaria com Solúveis).

O engenheiro agrônomo, Emerson Cappelesso, assessor do Círculo Verde, em sua palestra sobre os Resultados Regionais do Sorgo: da pesquisa ao campo, destacou que o Círculo Verde trabalha para apurar e fornecer informações de qualidade para seus avaliadores, para que esses dados sejam transmitidos para os produtores.

“O sorgo é uma cultura que vai nos trazer grandes benefícios. O desafio do avaliador é analisar o potencial produtivo da cultivar para ver qual se adapta melhor à realidade do cliente. Por isso, devemos pensar no sistema produtivo como um todo. O sorgo vem como uma ferramenta, que pode trazer uma rentabilidade a mais para o produtor na segunda safra. Assim como para a soja, o planejamento tem que ser igual”, argumentou, Cappelesso.

Expansão em área

“A cultura de sorgo está crescendo muito no Brasil. Essa região, especificamente, é uma das regiões que apresenta a maior taxa de crescimento dessa cultura em comparação a todas as regiões do Brasil”, disse o gerente comercial da Helix Sementes, Claudio Zago.

“Naturalmente, nós como empresa temos grande interesse na cultura do sorgo. Temos um programa de melhoramento, híbridos prontos, e temos muito interesse em fazer ensaios de avaliação de híbridos, ensaios de manejo e participar comercialmente da cultura do sorgo”, comentou Zago.

Segundo ele, a maior carência dos produtores com a cultura do sorgo, tem sido o manejo da cultura em geral. “O produtor ainda tem bastante dúvidas sobre o controle de doenças, ao controle de plantas convencional, ao controle de pragas. E nós como específicos na cultura, temos, ultimamente, tivemos muita preocupação em estudar adubação e a fertilidade do sorgo. Como empresa privada temos procurado desenvolver trabalhos de manejo de fertilidade e de adubação do sorgo, mas a pesquisa da Embrapa é fundamental para nos basear nesse tema”, falou Zago.

O Secretário de Agricultura de Luís Eduardo Magalhães, Jaime Aroldo Cappelesso, prestigiou o Simpósio. “O sorgo é uma cultura rústica em termos de manejo de água e de maneira correta, uma cultura nobre. Eu particularmente tenho certeza de que, no máximo em cinco anos, o sorgo será uma segunda cultura em área”. Para essa safra 2025/2026 tem uma previsão de aumentar 25% da área do sorgo”.

O produtor rural Haroldo Uemura possui fazendas nas regiões Oeste da Bahia, extremo Sul do Piauí e no Maranhão. São 2.400 hectares em que se cultivam grãos para exportação e para consumo local. Na segunda safra, em 2025, a produção média de sorgo foi de 90 sacas, e nas áreas de maior produção o pico foi de 120 sacas por hectare.

“O sorgo tem uma boa margem de rentabilidade. Além de grãos, é uma boa opção para fazer a cobertura do solo. Hoje, temos mais segurança de liquidez, com a destinação dos grãos para a produção de etanol”, disse Uemura.

Experiências na Região de Balsas

No Maranhão, para a safra 2025/2026, a área cultivada de sorgo é de 54,1 mil hectares. A produção estimada é de 2,465 kg/ha, correspondente a 1.271 mil toneladas, conforme dados da Conab, publicados em novembro de 2025.

Jean Henrique Martins é proprietário da Imperial Agro-Nutrição e produtor de grãos de soja, milho e sorgo. “Com o sorgo temos a diversificação de culturas, o aproveitamento da janela de plantio e o aumento de área plantada. Quanto mais áreas cultivadas maior a receita”

Deomar Lima de Souza, proprietário de uma fazenda e está estabelecido no Sul do Maranhão há 30 anos. Em sua fazenda tem trabalho que produz soja, milho e sorgo. Parte da produção é destinada para pastagem e outra para ração. “Temos uma programação para o plantio de sorgo e de milho para a segunda safra. Tenho costume de participar dos eventos. Toda informação recebida aumenta mais nosso conhecimento e facilita a tomada de decisão”, disse Souza.

Cleonésio Luís Marques, sócio proprietário da empresa Setor Agro, revenda de insumos agrícolas, é agricultor nas regiões do Maranhão e do Pará. “Hoje, quanto mais produzir melhor. O sorgo consegue aguentar mais o tempo de estiagem na minha região. Consigo aproveitar uma janela para fazer a safrinha. Pretendo, com o consorciamento de braquiária e sorgo, fazer a terceira safra para produção de proteína animal”.

Conteúdo técnico da Embrapa Milho e Sorgo

Com uma programação cuidadosamente elaborada, os eventos reforçaram o compromisso dos organizadores em fortalecer o conhecimento técnico e a inovação no agronegócio.

Em Luís Eduardo Magalhães, a pesquisadora Flávia Cristina dos Santos bordou “Adubação de Sorgo para Altas Produtividades”. “Há uma necessidade de atenção às recomendações de adubação de calagem para os solos arenosos, considerando não apenas o sorgo, mas também o sistema de produção, composto por outras culturas como a soja, o milho e o algodão. Para o sorgo, especificamente é preciso considerar o balanço de nutrientes. Em termos de solo de fertilidade construído é preciso considerar o que é exportado pelos grãos durante a colheita”, orientou Santos.

Para falar sobre esse assunto, no Seminário, em Balsas, foi convidado o pesquisador Álvaro Vilela de Resende. Ele explicou que as exigências nutricionais do sorgo granífero são muito semelhantes às do milho. “Se não for bem adubado, vai prejudicar as culturas que vêm depois. Quando não há disponibilidade de informações validadas de adubação do sorgo na região, é viável considerar o manejo equivalente à adoção para o milho segunda safra”, disse.

“Nosso esforço de fornecimento de nutrientes à cultura do sorgo deve ser concluído em até 30 dias após a semeadura, realizar todas as adubações ainda no início da fase vegetativa para melhorar o aproveitamento dos fertilizantes e a resposta das plantas. Quanto maior a expectativa de produtividade, maior deve ser o nível de adubação. A estratégia é estimar quanto está sendo exportado na colheita dos grãos para calcular a necessidade de reposição de nutrientes. Assim, a adubação de manutenção deve, no mínimo, à exportação pelo sorgo”, disse Álvaro Resende.

Em Luís Eduardo Magalhães, BA, e em Balsas, MA, as pesquisadoras de Simone Mendes e Dagma Silva falaram, respectivamente, sobre o manejo de previsões e o manejo de doenças.

Simone Mendes ministrou sobre as Principais Práticas da cultura do sorgo e o desafio do manejo adequado. “No início do desenvolvimento da lavoura se destaca o percevejo Barriga Verde, que requer cuidado até os 25 dias após a germinação. Em seguida, a Spodoptera-frugiperda (lagarta-do-cartucho), uma praga importante bem conhecida dos produtores de grãos. Já o pulgão do sorgo é uma praga específica dessa cultura e precisa de mais atenção. Nenhuma estratégia de controle disponível é eficaz se for usada após o momento certo da tomada de decisão. Saber identificar as próprias e realizar o monitoramento são pontos fundamentais para o sucesso do manejo e importantes para evitar prejuízos”, afirmou Simone Mendes.

Dagma Silva apresentou-se como “Estratégias de manejo para doenças na cultura do sorgo”. “O controle de doenças em sorgo pode ser realizado com a implementação de práticas integradas. Para isso, é importante conhecer as doenças, suas características, monitorar as atividades e assim fazer o controle. Híbridos com genética resistente, controle químico, época de plantio são exemplos de como o manejo pode ser feito de forma a garantir uma boa produção. Associar o controle químico ao nível de resistência é parte do manejo integrado”, Silva.

Manejo de plantas apresentado na cultura do sorgo é estratégico

As boas práticas agrícolas são essenciais para a redução da pressão das plantas na trabalho. São baseadas em estratégias de manejo fundamentais para a preservação das tecnologias e ganho de produtividade.

“É importante que as empresas fomentem boas práticas de manejo e a integração dos métodos de controle. O controle químico deve ser visto como um método complementar e não como a única alternativa de controle. Esse foi o assunto proposto pelo pesquisador Alexandre Ferreira da Silva na palestra “Manejo de plantas experimentais na cultura do sorgo”, em Luís Eduardo Magalhães.

O principal método de controle é o preventivo. “É uma estratégia relativamente simples, que busca evitar a introdução e/ou a dispersão de plantas específicas em áreas ainda não infestadas”, explica Alexandre Silva.

Dentre as práticas recomendadas, Silva cita o controle das plantas específicas em áreas adjacentes. “É comum avistar muitas lavouras de sorgo rodeadas por plantas de sorgo-selvagem. A ausência de controle destas plantas contribui para que as sementes das plantas detectem passem a ocorrer na lavoura através da dispersão. É preciso então, interromper o ciclo reprodutivo de plantas infestantes nas áreas adjacentes à lavoura para evitar que as sementes povoem as áreas cultivadas. pesquisador.

“O trânsito de colheitadeiras, também, é um importante método de dispersão entre talhões da mesma propriedade e até mesmo entre diferentes localidades. Por isto, é importante, deixar para colher os talhões mais sujos por último e receber ao a colheitadeira para realizar previamente a limpeza minuciosa dela antes de entrar na sua propriedade”, acrescentou Silva.

Outra estratégia é o controle cultural, que envolve o uso de boas práticas agrícolas que favorecem o crescimento da cultura em detrimento às plantas específicas. “Esta estratégia envolve o uso de sementes certificadas ou fiscalizadas, com elevado valor cultural em termos de grau de pureza e de germinação. Requer, inclusive, o uso de cultivares adaptadas, arranjos de plantas, épocas de semeio, adubação balanceada, rotações de cultura e consórcio. Todas essas boas práticas que favorecem o desenvolvimento do sorgo e a supressão de crescimento das plantas orgânicas”, disse Silva.

Um dos grandes problemas que a cultura do sorgo vem enfrentando é o efeito “carryover”. “É o efeito residual do herbicida aplicado na cultura anterior, que afeta culturas semeadas em sucessão. No cerrado ocorre um cenário muito característico que se refere ao sorgo cultivado após a soja. Por isso é muito importante conhecer os herbicidas residuais na soja que podem prejudicar o desenvolvimento do sorgo semeado em sucessão” Silva.

Então uma palavra-chave aqui é o planejamento. O manejo de plantas específicas na cultura do sorgo deve ser estabelecido no sistema de produção como um todo, incluindo um exímio planejamento dos herbicidas que serão usados ​​na cultura da soja, para que não se tenha problemas com resíduos de herbicidas que possam melhorar o estabelecimento do sorgo semeado em sucessão, mas que ao mesmo tempo promova o controle adequado das plantas encontradas durante a condução da lavoura”, explicou Alexandre Silva.

Outra instrução relevante passada pelo pesquisador Alexandre é que “Um dos grandes segredos para o sucesso no manejo de plantas revelado na lavoura de sorgo é realizado o planejamento de sorgo no limpo. Este é o primeiro passo o sucesso de sua lavoura”, concluiu.

Fonte: cenariomt

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