Mudanças no saque-aniversário derrubaram antecipações usadas como garantia de empréstimos, segundo o Banco Central
As novas regras do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em vigor desde 1º de novembro de 2025, provocaram uma queda expressiva na concessão de crédito pessoal no país. A avaliação foi apresentada nesta sexta-feira (26) durante coletiva do Banco Central.
De acordo com dados oficiais, as mudanças limitaram a antecipação de saques do FGTS, modalidade que vinha sendo amplamente utilizada por trabalhadores como garantia para empréstimos pessoais com juros mais baixos.
Crédito pessoal recua após mudanças no FGTS
Segundo o chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, as concessões de crédito pessoal não consignado caíram 31% em novembro, logo após a entrada em vigor das novas regras.
“O Conselho Curador do FGTS alterou as regras da antecipação, tornando as condições mais restritivas, o que teve um impacto bastante significativo sobre o crédito”, afirmou o representante do BC durante a apresentação.
A retração atinge principalmente trabalhadores que utilizavam o saque-aniversário para antecipar valores futuros do FGTS, prática que permitia acesso mais rápido a crédito e com menor risco para as instituições financeiras.
Antes das mudanças, o trabalhador podia antecipar várias parcelas futuras do saque-aniversário e, em alguns casos, contratar mais de um empréstimo ao mesmo tempo. O banco adiantava o valor e recebia diretamente do FGTS nos anos seguintes, usando o saldo como garantia.
Esse modelo reduzia o risco de inadimplência e viabilizava taxas mais competitivas.
Com as novas regras, essa lógica foi significativamente alterada.
O que mudou nas regras do saque-aniversário
As principais mudanças definidas pelo Conselho Curador do FGTS incluem:
- Valor limitado por parcela, entre R$ 100 e R$ 500;
- Possibilidade de antecipar até cinco parcelas no primeiro ano;
- Limite de três parcelas nos anos seguintes;
- Apenas uma operação de antecipação por ano;
- Carência mínima de 90 dias entre a adesão ao saque-aniversário e a contratação do crédito.
Na prática, essas restrições reduziram o uso do FGTS como garantia indireta para empréstimos pessoais, afetando tanto trabalhadores quanto instituições financeiras.
Governo diz que objetivo é proteger o FGTS
O governo federal afirma que as alterações têm como objetivo preservar o FGTS para finalidades consideradas prioritárias, como:
- demissão sem justa causa;
- compra da casa própria;
- proteção financeira em momentos de vulnerabilidade.
Em dezembro, uma medida provisória liberou R$ 7,8 bilhões do saldo retido de 14,1 milhões de trabalhadores que haviam aderido ao saque-aniversário, mas ficaram impedidos de acessar recursos em determinadas situações.
Impacto direto no bolso do trabalhador
Especialistas avaliam que, apesar do objetivo de proteção do fundo, as novas regras reduziram o acesso ao crédito mais barato, especialmente para trabalhadores de baixa renda que dependiam do FGTS como alternativa ao crédito tradicional.
O efeito imediato foi a queda nas concessões, tendência que ainda será acompanhada pelo Banco Central nos próximos meses.
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Fonte: cenariomt






