No fim do ano, quando festas, viagens e encontros se multiplicam, é comum que as crianças tenham maior acesso a doces, guloseimas e refrigerantes. Embora isso faça parte do clima festivo, o consumo excessivo pode interferir na rotina infantil, especialmente nos sinais naturais de fome e saciedade.
Segundo a nutricionista Maria Tainara Soares Carneiro, períodos prolongados de ingestão elevada de açúcar podem provocar picos e quedas de glicemia, afetando o apetite e o comportamento das crianças.
“Quando a criança passa vários dias consumindo muitos doces, o organismo responde com oscilações de glicemia que desregulam a fome e aumentam a irritabilidade”, explica.
Entre as manifestações mais comuns, a especialista destaca a redução do interesse pelas refeições principais, compostas por alimentos in natura ou minimamente processados.
“Arroz, feijão, carnes, saladas e frutas podem parecer ‘sem graça’ quando o paladar se adapta ao excesso de açúcar e gordura, o que diminui o interesse por alimentos mais nutritivos”, afirma.
Apesar disso, a nutricionista ressalta que o açúcar não precisa ser tratado nem como vilão nem como protagonista das celebrações. A relação com os doces pode ser conduzida de forma equilibrada e afetiva.
“Festa é um conjunto de experiências: música, convivência familiar e brincadeiras. Quando os pais valorizam essas vivências, o doce deixa de ser o centro das atenções e passa a ser apenas parte do momento”, observa.
Para ajudar as crianças a lidar melhor com os doces durante as festividades, uma conversa prévia costuma ser eficaz.
Avisar que haverá guloseimas, incentivar a escolha consciente do que realmente gostam e lembrar que o objetivo é sentir prazer, e não desconforto, reduz a ansiedade e promove autonomia.
Evitar frases como “hoje pode tudo” ou “só come doce depois de limpar o prato” também contribui para uma relação mais saudável com a alimentação.
O ambiente da festa pode colaborar sem perder a leveza. Manter água sempre disponível, oferecer frutas cortadas de forma atrativa ao lado dos doces, equilibrar opções coloridas e estimular brincadeiras ativas são estratégias simples e eficazes.
“Quando a criança está envolvida nas atividades, naturalmente reduz o foco na comida”, destaca a nutricionista.
A situação pode se tornar mais desafiadora quando a família está fora de casa, em viagens ou em encontros na casa de parentes, onde há menos controle sobre o cardápio.
Nesses casos, a orientação é evitar conflitos e apostar em combinados com a própria criança. Oferecer uma fruta antes do evento, incentivar pausas entre um doce e outro e reforçar a hidratação já fazem diferença, sem gerar constrangimentos.
Após o fim das comemorações, a retomada da rotina alimentar deve ocorrer sem medidas rígidas ou compensatórias. Segundo a especialista, o caminho é a moderação.
“O segredo é retomar, não compensar. Não é preciso punir nem restringir refeições. Basta voltar aos horários habituais, reinserir alimentos in natura gradualmente e manter uma rotina leve. Em poucos dias, o organismo se reequilibra”, orienta.
Ao final, o equilíbrio e o consumo intuitivo se constroem com rotina, diálogo e afeto, antes, durante e depois das festas.
Fonte: primeirapagina






