Mulheres se reuniram no posto 5 da Praia de Copacabana para denunciar o avanço da violência de gênero e exigir medidas efetivas do poder público. Entre elas estava Evelyn Lucy Alves da Luz, de 44 anos, que sobreviveu a uma tentativa de feminicídio em 2017. A agente de educação infantil relembrou que os tiros disparados pelo ex-marido, na frente da filha então com 6 anos, deixaram sequelas físicas e emocionais duradouras.
Segundo Evelyn, o ataque ocorreu em plena luz do dia, em Vila Isabel, logo após o ex-companheiro devolver a criança após um encontro autorizado pela Justiça. Ela recorda que levou três disparos, dois no abdômen e um no rosto, o que resultou em longos dias de internação. “Carrego essas marcas até hoje”, disse, destacando ainda o trauma que a filha enfrenta desde o episódio.
Aos poucos, Evelyn contou com apoio de coletivos e grupos de mulheres, que ajudaram na sua recuperação emocional. Entretanto, ela critica a ausência de amparo institucional. “Não recebi apoio psicológico ou financeiro. Tive que me reerguer sozinha”, afirmou. A sobrevivente também relatou ter descoberto recentemente que o agressor está solto desde 2024, sem ter sido informada oficialmente.
O ato contou também com a presença de Vanderlea Aguiar, que ressaltou que muitas mulheres seguem em relacionamentos violentos por medo e falta de alternativas. “Estamos cansadas de ver mulheres morrerem porque homens acreditam ser donos das nossas vidas”, declarou. Para ela, apoiar sobreviventes é uma forma de resistência coletiva.
A psicóloga Adriana Herz Domingues, do Coletivo Juntas, alertou para o aumento dos casos de feminicídio no país e a carência de investimentos na rede de acolhimento. Segundo ela, ainda são insuficientes espaços de atendimento especializado para mulheres em situação de risco. Defendeu também a ampliação de debates sobre violência nas escolas, no sistema de saúde e em políticas públicas.
Durante o protesto, a aposentada Deise Coutinho posicionou girassóis ao lado de cruzes pretas instaladas na orla, simbolizando vítimas do feminicídio. Ela reforçou que o gesto representa a luta por respostas do governo diante das mortes. “O girassol se levanta. Nós também nos levantamos para enfrentar essa realidade”, afirmou.
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Fonte: cenariomt






