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Industrialização no Agro é Prioridade, Afirma Verruck em Evento Agropecuário

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O secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul), disse, em entrevista ao podcast Agro de Primeira MS, que industrialização dos produtos do agro é a prioridade do governo do estado. (assista ao episódio completo no vídeo abaixo)

“Prioridade zero um, industrialização dos nossos produtos, com agregação de valor”, disse citando milho e soja. “Não quero que esses produtos saiam do estado. O milho já tem uma grande parte que fica para ser transformado em etanol, agora eu quero o farelo que pode ser usado na expansão da suinocultura que estamos fazendo”, complementa.

Em seguida, Jaime cita a logística, com melhoria das estradas, ferrovia e hidrovia para garantir o escoamento ágil da produção.

“A partir de 2032 vamos perder a isenção de ICMS como forma de atrair empreendimento. Nós temos três setores altamente competitivos no agro: floresta, bioenergia e proteína animal. Nós temos de ser muito bons nesse negócio. Nós temos de fazer o cara chegar aqui. Então, o que nós estamos fazendo? Olhando logística. Nós temos as melhores plantas, melhor custo de produção, elevada produtividade agrícola, precisa logística.”

Jaime Verruck, secretário da Semadesc/MS

Ele completa dizendo que primeiro será feito o investimento em rodovias para o eucalipto chegar às fábricas. Em março começam as obras que terão R$ 10 bi de investimentos – R$ 6 bi nos cinco primeiros anos — com pedágios do tipo free flow, onde não há parada para o pagamento, agilizando o tráfego.

Outros assuntos do agro

Em pouco mais de uma hora de conversa, Verruck bombardeou os entrevistados Alex Mendes e Tati Scaff com novidades no setor:

  • plantio de chia e gergelim (cultura pulses)
  • instalação de um polo de inteligência artificial do Google em MS apenas para soluções do agro
  • negociação com empresas aéreas para voos em Corumbá
  • rota da celulose com início das obras em março
  • hidrovia rio Paraguai
  • MS como Hub de importações da China
  • nova fábrica de celulose para tecido em Bataguassu
  • tilápia como peixe exótico e pesca de tucunaré na piracema
  • rota bioceânica
  • combate aos javalis
  • incentivo ao turismo no Pantanal

COP 30 genérica

Verruck também falou da COP 30 e os impactos da conferência mundial sobre o clima em Mato Grosso do Sul.

Segundo ele, o evento é mais para decisões entre países. Aos estados cabe mostrar suas iniciativas para mostrar soluções e buscar financiamentos com capital estrangeiro.

O secretário disse que fez contato com fundos da Arábia, do Parlamento Europeu e da Alemanha em busca de fundos para projetos que ajudam a reduzir os impactos das mudanças climáticas.

“Este ano forçamos muito o Pantanal. No mundo, a presença é muito forte no bioma amazônico, mas Pantanal precisava ter mais visibilidade, é a maior área alagável do mundo, tem 84% de seu território em condições nativas, preservadas, isso é importantíssimo para a biodiversidade”, disse.

A partir de agora, as conversas são retomadas para que os projetos possam ser aprovados e os recursos, liberados.

Sobre a COP 30 no geral, Verruck avalia que o texto final ficou muito “no conjunto de intenções, nada prático”.

“Normalmente, as COPs são decepcionantes nos resultados. Todo mundo sai da COP pensando que podia ir um pouquinho mais. Essa COP trouxe pouca meta, pouca efetividade, a prioridade, quer era criar linha para acabar com combustíveis fósseis, não saiu, não houve consenso”

EuDR

Mas foi na COP que Mato Grosso do Sul assinou um convênio com um fundo de investimentos britânico para implantar um projeto que tende a ajudar na exportação de produtos sul-mato-grossenses para a Europa.

O continente tem uma lei, a EuDR que proíbe a compra de produtos do agro de regiões onde tenha tido desmatamento após 2020.

“Então, eu sou proprietário rural, tenho 10.000 hectares, eu desmatei 1.000, legalmente, não estamos falando de desmatamento ilegal. Mesmo assim, não vou poder vender minha soja, meu boi pra Europa. É uma forma de criar barreiras com regras excessivas à nossa própria lei para dificultar”, explica Verruck.

O secretário afirma que isso é feito porque o estado tem “excesso de competividade”, com muita produtividade e baixo custo das commodities. A questão tarifária é uma forma de conter as importações de produtos brasileiros, mas tem um limite porque acaba inflacionando o alimento no país comprador.

Então, a questão ambiental acaba sendo utilizada para reduzir essa competividade brasileira.

Para reduzir o impacto da lei europeia, Mato Grosso do Sul firmou, durante a COP30, o convênio para certificação das propriedades sul-mato-grossenses livres de desmatamento.

“A Semadesc vai fazer essa certificação, estamos recebendo recursos de uma parceria da Inglaterra e vamos montar toda uma estrutura para que haja esse documento dizendo que a propriedade segue as regras da EuDR”, afirma o secretário.

Isso acaba com um dos mais fortes argumentos europeus para deixar de importar produtos de Mato Grosso do Sul.

Crédito de Carbono

Um crédito de carbono equivale a 1 tonelada de CO₂ que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera.

Exemplos de como um crédito pode ser gerado:

  • floresta que evita o desmatamento, ou, seja evita emissões.
  • área restaurada que captura carbono, ou seja, remove CO₂ do ar.
  • fazenda que adota manejo sustentável e reduz emissão de metano
  • usina que troca combustível fóssil por energia renovável

Mato Grosso do Sul tem 85 milhões de toneladas de desmatamento preservados no Cerrado que geram créditos de carbono.

Segundo Verruck, o estado foi muito procurado na COP por empresas interessadas em adquirir esses créditos.

Um projeto de lei foi enviado à Assembleia Legislativa para a criação de uma empresa de Gestão de Ativos Ambientais para gerir esse comércio.

“A ideia é, em janeiro, lançar o primeiro edital de crédito de carbono do estado de Mato Groso do Sul”, afirmou.

Verruck disse que ainda não sabe qual será o valor dos créditos, mas o potencial do estado em arrecadação com esse ativo do agro é de cerca de R$ 1 bi.

Os recursos irão para o estado e serão utilizados em medidas de proteção do meio ambiente, para comunidades ribeirinhas e aquisição e novas áreas para preservação.

Os produtores podem, também, fazer seus créditos de carbono e negociá-los de forma privada.

Google

Verruck revelou que Mato Grosso do Sul terá um centro de desenvolvimento de Inteligência Artificial do Google voltado para o agro.

O convênio será assinado nesta quinta-feira, 4, em São Paulo.

A ideia é colocar a estrutura da empresa à disposição para fomentar iniciativas de programas voltados à produção no campo.

Aftosa

Por fim, ele comentou sobre as oportunidades de novos mercados para a pecuária após o reconhecimento do estado como área livre de aftosa.

“Subimos na prateleira. Cabe a nós, agora, ir em busca desses mercados que antes tinham restrições, criarmos selos de qualidade e iniciarmos as negociações”, disse.

Turismo no Pantanal

Além do agro, com pecuária sustentável, Verruck apontou a necessidade de investir no turismo do Pantanal. Ele considera o setor inexplorado e com potencial para atrais pescadores e admiradores da natureza.

Para isso, reforça a necessidade de ter voos para Corumbá. Cita que existe tratativa avançada com duas companhias aéreas para acabar com esse gargalo.

Depois, o trabalho será para atrair investidores de redes hoteleiras.

Fonte: primeirapagina

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