Maior atração do Pantanal Mato-grossense, a onça-pintada é a estrela do guia lançado pelo Sesc, no último sábado (29). A publicação traz 39 animais catalogados na Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, localizada em Barão de Melgaço (MT). O material tem objetivo de ampliar o conhecimento sobre o maior felino das Américas.
Conforme divulgado pelo Sesc, o guia reúne uma série de informações sobre esses animais, inclusive, como identificá-los. Cada onça possui uma combinação única de rosetas, as “manchas” ou pintas em sua pelagem, que são exclusivas e funcionam como as impressões digitais nos humanos. Além disso, a obra detalha nome, histórico de avistamento, características marcantes, curiosidades e estrutura familiar das onças que utilizam o território.
O material integra a 12ª edição da série “Conhecendo o Pantanal”, criada para difundir conhecimento científico e valorizar a biodiversidade da região.
A publicação é resultado da pesquisa de longo prazo “Onças-pintadas em um mosaico de pantanais no Mato Grosso: uma perspectiva a partir da RPPN Sesc Pantanal e adjacências (Barão de Melgaço e Poconé, MT)”, desenvolvida pelo Sesc Pantanal em parceria com o Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro, com participação do Grupo de Estudos em Vida Silvestre, da Fiocruz e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde 2020, o monitoramento científico registra continuamente a presença dos felinos com apoio de 165 armadilhas fotográficas, que já produziram mais de 300 mil vídeos.
O gestor da RPPN Sesc Pantanal, Alexandre Enout, ressalta a importância da publicação para a conservação da fauna. “O guia consolida resultados de anos de monitoramento sistemático. Identificar cada indivíduo nos permite compreender a dinâmica populacional, o uso do território e a relação desses animais com diferentes ambientes da Reserva. Esse tipo de informação é essencial para orientar decisões e estratégias de conservação”, explica.
O lançamento oficial do guia ocorreu em 29 de novembro, Dia da Onça-Pintada. A data foi oficializada em 16 de outubro de 2018, por meio de uma portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o objetivo de fortalecer ações de divulgação sobre a importância ecológica, econômica e cultural da espécie. O documento também reconheceu oficialmente a onça-pintada como Símbolo Brasileiro da Conservação da Biodiversidade.
A semana da Onça-Pintada começou com o trabalho de educação ambiental voltado à popularização do conhecimento científico, aproximando estudantes do universo da pesquisa realizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o Guia em primeira mão, durante uma série de atividades lúdicas em que os pesquisadores apresentaram o material e ensinaram como utilizá-lo. Também reforçaram a importância da conservação da espécie para a manutenção dos ecossistemas.
As ações ocorreram no Complexo Educacional Sesc Pantanal, na Escola Municipal João Godofredo, em Poconé e na Escola Estadual Professora Maria Silvino Peixoto de Moura, na comunidade São Pedro de Joselândia.
Para a estudante Valentina Rivelo, do 7º ano do Complexo Escolar Sesc Pantanal, a experiência trouxe descobertas inesperadas. “Eu não sabia que dava para diferenciar as onças pelas manchas ou que elas tinham nome. Gostei muito da apresentação, foi incrível aprender tudo isso”, contou.
Na escola Municipal João Godofredo, em Poconé (MT), o aluno Olavo Rafael, do 5º ano, destacou o aprendizado sobre a individualidade dos animais. “Aprendi que as onças têm nomes e uma pelagem diferente. Elas não são todas iguais”.
A onça-pintada é o maior felino das Américas. Predadora de emboscada, é a detentora da mordida mais forte dentre os felinos. É um animal de hábitos solitários e necessita de grandes áreas para se deslocar, embora possa ser observada com outros indivíduos durante o acasalamento ou, ocasionalmente, em pequenas coalizões.
Os machos, ao atingirem a maturidade, costumam de dispersar para áreas distantes de onde nasceram, um comportamento natural que amplia sua capacidade de ocupação do território. Antes distribuída por quase todo continente, a onça-pintada hoje ocupa pouco mais da metade de sua área original e é considerada vulnerável à extinção no Brasil, principalmente devido à redução de habitat e às pressões sobre os ambientes onde vive. Nesse cenário, o trabalho do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa do Sistema CNC, Sesc-Senac, tem contribuído para fortalecer ações de pesquisa e estratégias de convivência no território.
Como integrante da Rede Pantaneira pela Coexistência Humano-Onças, o Sesc Pantanal atua com os parceiros WWF-Brasil, Aliança 5P, Panthera, Instituto Pró-Carnívoros, Ampara Silvestre, Instituto Homem Pantaneiro, Jaguarte, Onçafari, Impacto/Pousada Piuval, ICMBio/Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) na articulação entre ciência, conservação e comunidades locais, promovendo diálogo, construindo soluções coletivas e estimulando práticas que favorecem a coexistência entre as populações humanas e uma das espécies mais emblemáticas do bioma.
Fonte: gazetadigital
