Cinema

Entrevista exclusiva: Marjorie Estiano revela mensagem emocionante para sua versão jovem de Malhação após 20 anos

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Em janeiro de 2004, um público que cresceu na frente da TV conhecia os personagens da 11ª temporada de . Entre os atores escalados, uma jovem mal sabia que se tornaria um dos grandes nomes da TV e do cinema brasileiro, mas neste mesmo ano a sua participação na novela teen provou ser um excelente ponto de partida para uma carreira singular. Hoje aos 43 anos, mais de 20 anos de estrada e créditos em 32 projetos audiovisuais, explora a maturidade de sua jornada com uma personagem complexa, inspirada em uma personalidade real, .

Em seis episódios, a minissérie da HBO Max reconta os últimos anos da vida da socialite, vítima de feminicídio e responsável, postumamente, por mudar as regras do jogo jurídico brasileiro. Com um recorte específico da vida da personagem, a atriz explora diversas nuances da atuação, elevada pela exigência necessária de apresentar as múltiplas facetas desta mulher.

Marjorie Estiano encontrou a própria liberdade em Ângela Diniz, minissérie baseada em caso real que abalou o país: “Reconheci o que é ser mulher” (Entrevista)

Em entrevista ao AdoroCinema durante a divulgação do projeto, Marjorie revisitou momentos da carreira, refletiu sobre a possibilidade de estender o legado de alguma cantora nas telas e o que diria para a jovem atriz que interpretava uma adolescente rebelde com cabelos flamejantes, a icônica Natasha de Malhação.

Abaixo, confira a parte da entrevista feita com a artista na íntegra. Alguns trechos foram editados para melhor compreensão do conteúdo no formato de texto.

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Globo Filmes

Marjorie, sua carreira é marcada por múltiplos papéis e diferentes gêneros. Você já foi mãe de um bebê lobisomem, baixista da Vagabanda, da Eunice Paiva, de Érico Veríssimo, à frente da pandemia, em um horror cósmico… enfim, o que você ainda não fez que te desafia, que está no seu horizonte? Aquilo que te dá um medo bom de empolgação.

Eu sou muito curiosa sobre diferentes realidades. O Brasil é muito grande e nós somos muito diversos, então me interessa habitar as diferentes realidades, porque amplia, aumenta e aprofunda o meu mundo particular e me espelha um pouco mais sobre o meu lugar na sociedade.

Eu posso conhecer um pouco melhor o meu país, e me interessa conhecer o meu país, mas explorar também o meu ofício, os diferentes gêneros, o que eles podem me oferecer como experiências. Eu adoraria – e ainda quero fazer – uma comédia, fazer ação. O fantástico me interessa muito assim no terror.

Acho que o aspecto do fantástico é o que mais me excita na construção de de caminhar por uma lógica completamente fora da realidade, do naturalismo. Gestar e ser mãe de um de um lobisomem [em ] foi uma experiência incrível. Isso do que não se explica me interessa muito e me enriquece muito até para voltar para a realidade, porque a realidade é muito mais fantástica do que a gente acompanha.

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HBO Max

Depois de Ângela, você tem o desejo de interpretar outra figura real? Talvez unir a atuação e a música e dar vida a alguma cantora icônica?

As escolhas que eu faço como atriz são sempre muito voltadas para o propósito do tema, o porquê de fazer esse trabalho, para quem e qual o serviço que ele oferece coletivamente. […] Não descartaria, mas fazer um personagem com um um apelo íntimo e afetivo nas pessoas, tanto na literatura quanto no teatro ou no imaginário das pessoas é um desafio muito grande. Existe um desejo de rever aquela pessoa, de ver aquela pessoa, no jeito dela falar, no jeito dela se mover e fica um pouco em em torno disso, enquanto se perde um pouco o valor da narrativa e da qualidade do que aquele artista significa. Perde-se um pouco de importância diante do reconhecimento daquela figura, do mimetismo daquela figura.

Ao mesmo tempo, eu acho que esses filmes biográficos, sobretudo de cantoras, têm um papel tão relevante, tão importante no reconhecimento da própria cultura, da cultura brasileira, da música brasileira, que é tão rica, tão importante. A gente é tão afortunado na quantidade de cantoras incríveis que a gente tem. Também é um privilégio poder viver a pele de uma mulher dessa, né? Temos Rita Lee, Marília Mendonça, Gal Costas, Marias Bethânias, temos inúmeras cantoras incríveis assim que eu adoraria poder assistir. O Brasil é muito vasto, tem uma riqueza musical imensa.

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Globo Filmes

Agora, você está agora em cartaz com Enterre Seus Mortos e em breve Precisamos Falar, que foi exibido na Mostra de São Paulo e no Festival do Rio no ano passado. Pode falar mais desse projeto futuro?

Ele está participando de alguns festivais. É um filme que gostei muito de fazer com e o . Ele tem um debate com perspectivas de mundo opostas, que podemos associar como uma extrema direita e uma extrema esquerda na visão de mundo – e eles precisam dialogar, precisam entrar num acordo. É um pouco sobre essa necessidade do diálogo, de ceder, escutar e se colocar no lugar do outro, de se abrir para, no mínimo, respeitar a individualidade enquanto vivemos em sociedade.

Do contrário, é a barbárie, é um pouco o que a gente vê acontecendo e sendo aplaudido. Esse filme fala da importância do diálogo e estou doida para que seja lançado. Ele está fazendo a carreira dele em festivais, mas eu quero muito ver como é que as pessoas vão receber.

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Globo

O que você diria para a Marjorie de 2004, quando começou, e como imagina que ela te veria hoje?

Em cada etapa da vida, o empírico é necessário para se compreender e passar para a etapa adiante. A gente não aprende nada na teoria, a gente precisa viver mesmo. Então, eu acho que nada que eu pudesse falar para aquela menina faria diferença na vida dela. Ela tinha uma coisa, um sonho na cabeça e ela seguia com muita determinação. Eu sou muito grata a ela, a essa determinação toda que ela tinha.

Ela agarrou tudo com muita força e as escolhas que fez naquela época, mesmo com critérios que talvez não tivesse muita consciência, impactaram diretamente na minha vida hoje, na atriz que eu sou hoje. Talvez ela não dimensionasse a importância que aquilo teria na vida, faz com que a minha vida hoje seja muito mais fácil. No oposto também, gosto de acreditar que ela sentiria muito orgulho, que ficaria muito satisfeita do caminho que ela percorreu.

Fonte: adorocinema

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