Um solo que não dá mais frutos, um país que deixou de existir e uma humanidade à beira do colapso. É nesse cenário que se desenrola o livro “Estéril”, romance de estreia do escritor Bruno Álvares, que será lançado no dia 17 de novembro, às 19h, na Livraria Leitura do Shopping Estação, em Cuiabá.
A obra projeta o futuro para o ano de 2070, quando uma catástrofe climática torna o solo do Centro-Oeste irreversivelmente estéril, obrigando milhões de pessoas a deixarem suas terras em busca de sobrevivência. Com a desertificação avançando sobre o Cerrado e a Amazônia, o Brasil já não existe como nação. Em seu lugar, surgem novos territórios independentes — como a República de São Paulo e os Estados do Prata — que recebem a maior onda migratória da história do continente.
Cuiabá evacuada em 2070
O livro se passa em uma Cuiabá prestes a ser evacuada até 31 de dezembro de 2070, por determinação da República de São Paulo. Nesse cenário, os poucos habitantes que restam enfrentam longas filas para conseguir vistos humanitários. O protagonista, Daniel, tenta salvar o pai idoso, imobilizado por uma lesão na coluna, enquanto se vê envolvido em uma conspiração de grupos que lucram com a tragédia ambiental.
A narrativa transforma o colapso climático em metáfora para dilemas sociais contemporâneos — entre eles, a desigualdade, a xenofobia e a lógica de exclusão que define quem tem o direito de permanecer e quem é obrigado a partir.
Um alerta em forma de ficção
Mais do que uma distopia, “Estéril” propõe uma reflexão urgente sobre as consequências da negligência ambiental e da fragmentação política. Para Bruno Álvares, a ficção é uma forma de antecipar o que pode acontecer se a humanidade continuar ignorando os sinais da crise climática.
“Em um momento de acirrados debates ambientais e diante dos sinais cada vez mais evidentes da crise climática no Cerrado e na Amazônia, ‘Estéril’ transcende os limites da ficção para dialogar com nossas urgências mais prementes”, afirma o autor no texto de apresentação do lançamento.
Natural de Goiânia e radicado em Cuiabá desde 2002, Bruno é advogado e mestre em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Ele define o livro como um exercício de imaginação política e consciência ambiental, que une temas globais e identidade regional.
Bruno Álvares, que se autodenomina o “cartógrafo do Cerrado distópico”, combina política, fé e colapso ambiental para retratar um Mato Grosso transformado em território árido e fragmentado.
Fonte: primeirapagina






