Cenário Político

Mauro usa plateia de prefeitos para pressionar AL sobre reajuste do Judiciário em vídeo emocionante

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O governador Mauro Mendes (União) transformou a entrega de maquinário às prefeituras, realizada na Arena Pantanal na manhã de sexta-feira (14), em um ato público de pressão sobre a Assembleia Legislativa. Diante de uma plateia formada por vários prefeitos e com deputados posicionados no dispositivo do evento, ele voltou a criticar o projeto que concede reajuste de 6,8% aos servidores do Poder Judiciário, aprovado em primeira votação e travado há duas semanas por pedidos de vista.

Mauro afirmou que o impacto da medida não ficará restrito ao Tribunal de Justiça e poderá desencadear um efeito cascata que, segundo ele, ultrapassaria R$ 1,6 bilhão em aumento de pessoal caso os demais poderes reivindiquem o mesmo índice. “Estamos diante de uma decisão que pode abrir a janela para aumentar muito o gasto dentro da administração pública, e aí não vai ter mais o tempo que vivemos nos últimos anos. Prestem atenção no que eu estou falando”, alertou.

A fala foi construída para um público específico: os prefeitos. Mauro buscou associar diretamente o reajuste ao corte de investimentos nos municípios, afirmando que, se aprovado, haverá impacto direto nos convênios e repasses. “Ou vai ter que aumentar imposto — e eu não vou mandar uma proposta neste sentido — ou vamos ter que cortar quase R$ 2 bilhões de investimentos nas cidades”, afirmou.

Em tom didático, o governador retomou a situação fiscal que encontrou ao assumir o Estado em 2019. “Poucos anos atrás o governo estava quase quebrando. Tem prefeito aqui que se lembra de ficar 11 meses sem receber repasse da saúde. Se nós não tivermos responsabilidade com as nossas decisões, aquele tempo volta”, declarou. Ele reforçou que o gasto com pessoal já cresce de 4% a 5% ao ano acima da inflação devido a progressões e nomeações nas áreas essenciais. “Não podemos fazer para um Poder o que não podemos fazer para todos”. 

Diante dos parlamentares presentes, citou nominalmente o presidente da Assembleia, Max Russi (PSB), e o deputado Eduardo Botelho (União), afirmando que cabe ao Legislativo arcar com a responsabilização política da escolha. “Depois saibam quem cobrar”, disse, sinalizando aos prefeitos que a decisão final não é do Executivo.

A tensão aumenta na medida em que servidores do Tribunal de Justiça estão em estado de greve e já ameaçam paralisação caso a segunda votação, prevista para voltar à pauta no dia 19, não resulte na aprovação do reajuste.

Logo após o evento, em entrevista à imprensa, Mauro endureceu ainda mais o posicionamento e descartou atender pressões políticas. “Não vou ceder por voto. Não acho justo dar aumento para um Poder e não dar para todos. E se for para dar para todos, vai ter que cortar investimento. Não tem de onde tirar. Não vou criar receita, não vou aumentar imposto sob hipótese alguma”, reforçou.

Questionado sobre o orçamento estar subestimado, o governador criticou adversários que o acusam de subestimar receitas na Lei Orçamentária e disse que “quem acusa deveria verificar dados”. Ele voltou a mencionar a nota máxima conquistada por Mato Grosso no Tesouro Nacional e afirmou que não atua pensando em desgaste político no último ano de mandato. “Tem muita gente na política que toma decisão pensando em ganhar voto. Eu não faço isso. Tomo decisões que são melhores para a maioria”.

A ofensiva pública de Mauro aumenta a pressão sobre os deputados às vésperas da votação final e cria um ambiente de cobrança direta sobre a ALMT, deslocando o desgaste para os parlamentares e reforçando o discurso de responsabilidade fiscal, marca marca central do governador.

 

Fonte: leiagora

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